"O investimento é mais do que físico, é pedagógico", afirmou a diretora da escola de Ceilândia, Simone Rebouças -foto:Correiobraziliense/reprodução
Partindo do princípio de que um exemplo vale mais do que mil palavras, o Centro Educacional 7 de Ceilândia resolveu mostrar aos alunos, na prática, a importância do uso consciente da água. Com a ajuda de um ex-estudante da escola, criou um sistema que capta mais de 60 mil litros da água da chuva.
A proposta de reaproveitamento da água veio do engenheiro civil Mario Fernando Pereira, de 22 anos. Ele estava se formando na Universidade Católica de Brasília e queria ajudar a comunidade onde cresceu. Convidou outros dois colegas, Matheus Augusto Oliveira dos Anjos, 22 anos, e Luis Felippe Santana, 23.
Com uma equipe pequena, mas empenhada, calhas foram instaladas no telhado de um dos blocos da escola. Elas levam a água que escorre da cobertura para os reservatórios. Antes de chegar aos tanques de armazenamento, passa por um encanamento com gotejamento. A técnica utilizada para a construção dos reservatórios foi o ferrocimento, um método alternativo e mais econômico muito utilizado no Nordeste para cisternas. Primeiro é feita uma armação de ferro no formato de gaiola. Depois, ela é preenchida com o cimento.
Para a diretora da escola, Simone Rebouças, além da economia de água, o principal benefício do projeto é o conhecimento que trouxe para os alunos. “O investimento é mais do que físico, é pedagógico. Fizemos questão de construir os reservatórios no pátio da escola para que os alunos vivenciassem a experiência e isso gerasse a conscientização”, destaca. A água coletada é usada para irrigar a horta e para limpeza do pátio da escola, que tem 76 mil metros quadrados e recebe mais de 2 mil alunos.
Participação e aprendizado
A horta totalmente orgânica recebe os cuidados diários de 150 alunos do horário integral, que plantam as mudas como parte das atividades de consciência ambiental. São mais de 10 tipos de verduras e legumes. “Precisamos desenvolver a educação ambiental e pensar os problemas a longo prazo para tentar minimizar os efeitos. Quando implantamos, em 2015, esse projeto, muita gente perguntava se não era melhor usar o dinheiro para coisas mais imediatas. A educação entra exatamente nessa discussão, para prevenir problemas futuros e ver de forma crítica a questão ambiental”, argumenta a diretora.
Juliana de Cassio, de 15 anos, é uma das alunas do 9º ano que trabalhou no plantio da horta. “É um trabalho importante. Além dos produtos serem utilizados no lanche da escola, quem participa pode levar um kit de verduras para casa. Como não tem veneno, é bem mais saudável”, explica. Para Guilherme Mourão, de 14 anos, também do 9º ano, foi importante aprender a fazer as mudas. “Posso fazer do mesmo jeito em casa, e como a água usada é da chuva, não teremos gasto. A gente tem que aprender a viver assim”, ensina.
A escola atende estudantes de 10 a 80 anos, que participam diariamente de várias atividades ligadas a medidas sustentáveis como reúso da água, alimentação saudável de baixo custo, reciclagem, produção de sabão com óleo usado, reflorestamento, regras de economia de água e melhor consumo de produtos.
O desejo dos universitários é que a ideia sirva de exemplo para outras unidades de ensino e até mesmo para pais de alunos. “É mais barato do que comprar uma caixa d’água. Calculamos que cada sistema, com calhas e reservatório, sai ao custo aproximado de R$ 3 mil. Uma caixa desse tamanho (20 mil litros) chega a R$ 7 mil”, compara Matheus Augusto.
fonte:Correio Brasiliense/reprodução
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