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Nesta terça-feira (18) é Dia do Médico. Mas os futuros profissionais de
medicina da Bahia que não estudam em universidades públicas têm pouco para
comemorar e muito boleto para dar conta. Em instituições privadas do estado, se
formar no curso pode custar quase R$ 1 milhão para o estudante no seu período
de graduação.
Na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Salvador, instituição com
os pagamentos mais altos entre as apuradas pela reportagem, a mensalidade
custa, atualmente, R$ 12.835,46. Em um semestre, o aluno desembolsa R$
77.012,76. Considerando que o curso tem 12 semestres para formação, sair médico
custaria R$ 924.153,12 caso a mensalidade não apresente qualquer aumento
durante os seis anos de estudo.
Outras instituições na Bahia também apresentam cifras altas para o curso
de Medicina. A Unifacs vem na segunda colocação do ranking, com R$ 10.975 de
mensalidade. Em terceiro lugar, está a Unime, também na capital, cobrando R$
9.899,00 com desconto de pontualidade no pagamento. A UniFTC não comentou o
motivo do valor quando procurada. Já a Unime respondeu destacando que “utiliza
metodologias ativas e insere o acadêmico na rede de saúde desde o início do
curso”.
Ainda de acordo com a nota da Unime, a instituição apresenta
diferenciais em relação a outras. “A unidade dispõe de um Complexo de Saúde
localizado no Centro Universitário, convênio com instituições públicas e
privadas, além de tecnologia de simuladores de alta fidelidade e professores
qualificados, com alto grau de formação acadêmica e atuantes no mercado de
trabalho”, completa.
Mariana Carolina Vilas-Boas, 27, se formou em 2020. Ela fez Unifacs
através do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e afirma que os preços
prejudicam a saúde financeira de quem está no curso e restringem o acesso a
poucas pessoas. De acordo com ela, o preço da mensalidade no primeiro semestre
não se compara ao pago no décimo segundo.
“Quando você entra na faculdade, existe um valor inicial. Porém, até
você se formar, pelo menos R$ 3 mil vai aumentar na sua mensalidade. Entrei com
a mensalidade em R$ 6 mil e, quando saí em 2020, estava em mais de R$ 9 mil.
[...] Se não fosse pelo FIES, não teria condição de arcar com um valor tão
exorbitante na minha formação”, conta ela, atualmente em período de residência
médica.
Uma estudante, que prefere não se identificar e faz o mesmo curso na
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), concorda que os preços
machucam o bolso. Ela acrescenta ainda o fato de não poder trabalhar para arcar
com parte do valor, dificultando mais o processo de formação. “Estudo na
Bahiana, que cobra R$ 5.900,00, e é a mais barata entre as privadas, mas mesmo
assim é muito pesada por custos extras com materiais e cursos externos”.
No interior do estado, os preços também são altos. A Faculdade Ages de
Medicina (FAM), de Jacobina, cobra mensalidade de R$ R$ 9.687. A mesma
instituição, em Irecê, tem custo mensal de R$ 8.919. Na Faculdade de Saúde
Santo Agostinho (FASA), em Vitória da Conquista, o valor é de R$ 9.400,55. Na
Pitágoras, em Eunápolis, R$ 8.998,00.
Quando o dinheiro volta?
“Como tenho FIES, pago apenas o que o financiamento não cobre relativo
ao valor da minha faculdade. Ou seja, hoje fazer Medicina me custa R$ 2.350 por
mês. O valor que sobra, de R$ 8.800, preciso pagar depois. Já é uma preocupação
que vai ser dividida em vários anos de parcelas”, lamenta.
Essa etapa já chegou na vida de Mariana, que ganha cerca de R$ 3.500 na
residência médica em que atua no momento. As parcelas do FIES, divididas em 18
anos, já precisam ser pagas e são de R$ 3.000. “Mesmo enquanto médica, arcar
com o valor que o FIES cobra mensalmente é um desafio. É um valor que fica
ajustado diante dessa responsabilidade com o financiamento. O peso nesse
período ainda fica no colo dos pais. Entendo que é um curso caro, que os
materiais têm custo para faculdade, mas não consigo conceber valores tão altos”.
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb-BA) foi
procurado para falar sobre os preços, mas afirmou que não tem gestão sobre as
faculdades e que atua só na fiscalização contra abertura de instituições de
ensino de Medicina.
O Cremeb informou ainda que não tem dados sobre endividamento de médicos
com o FIES no estado. A Associação Médica Brasileira da Bahia (AMB-BA) também
foi acionada para comentar os valores. No entanto, não respondeu sobre assunto
até o fechamento desta reportagem.
Para quem não consegue arcar com as mensalidades das instituições
privadas e não tem acesso ao FIES, a opção é ir atrás das universidades
públicas. Na Bahia, com curso de Medicina, existem sete opções espalhadas pela
capital e interior. Confira:
- UFBA
- Salvador - 128 vagas
- UESC
- Itabuna/Ilhéus - 42 vagas
- UFOB
- Barreiras - 40 vagas
- UFBA
- Vitória da Conquista - 36 vagas
- UEFS
- Feira de Santana - 35 vagas
- UESB
- Vitória da Conquista - 33 vagas
- UNEB
- Salvador - 30 vagas
Rankings das faculdades com mensalidades mais altas:
- Faculdade
de Tecnologia e Ciências (FTC) - Salvador - R$ 12.835,46
- Universidade
Salvador (Unifacs) - Salvador - R$ 10.975,00
- Unime
- Salvador - R$ 9.899,00
- Faculdade
Ages de Medicina (FAM) - Jacobina - R$ 9.687,00
- Faculdade
de Saúde Santo Agostinho (FASA) - Vitória da Conquista - R$ 9.400,55
- Pitágoras
- Eunápolis - R$ 8.998,00
- Faculdade
Ages de Medicina (FAM) - Irecê - R$ 8.919,00
- Escola
Bahiana de Medicina e Saúde Pública - Salvador - R$ 5.900,00
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