segunda-feira, 21 de novembro de 2022

TJ-BA condena homem por racismo contra universitária de Eunápolis

 

                                            Foto:reprodução



Uma estudante universitária da Bahia será indenizada por racismo, por

 ter sido ofendida em frente ao público de uma palestra. A decisão é 

da 2ª Turma da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

A estudante de História foi ofendida por um homem durante uma aula pública 

e depois ratificou no Facebook o que disse a ela. De acordo com o relator 

do caso, desembargador Mario Hirs, “inexistem dúvidas de que o réu não 

pretendia apenas ofender a honra da vítima, em verdade, agiu

de forma absolutamente discriminatória com toda a comunidade afrodescendente”.

Segundo o desembargador, ainda que a ofensa com viés preconceituoso 

seja dirigida a uma pessoa determinada — no caso, uma estudante

universitária ofendida em frente ao público de uma palestra — o 

crime será de racismo, 

e não de injúria racial, se a intenção for a de atingir o grupo étnico do

 qual a vítima faz parte.

O crime de racismo consiste em “praticar, induzir ou incitar a discriminação

ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, 

enquanto a injúria racial caracteriza-se por “injuriar alguém, ofendendo

 sua dignidade ou decoro, utilizando-se de elementos referentes

 a raça, cor, etnia, religião,

origem  ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

O homem foi condenado a dois anos, dois meses e 20 dias de reclusão, em 

regime aberto. Ele pediu a absolvição ou que o caso fosse classificado

 como injúria racial. Entretanto, a condenação por racismo foi mantida, por

 ter sido cometido por intermédio dos meios de comunicação social 

ou publicação de qualquer natureza.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA), na denúncia, narra que o caso

 aconteceu no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e 

Tecnologia da Bahia (Ifba), em Eunápolis. Após aula com o tema “A (des) construção da democracia na conjuntura atual”, os participantes puderam se manifestar.

O réu pediu a palavra para fazer uma pergunta ao professor e chamou uma estudante até a frente da plateia. Imaginando que o recorrente apenas 

solicitava a sua ajuda, ela não se opôs. Porém, citando o prenome da aluna, o homem declarou que, “se comparada a nós brancos, a J. está mais próxima

 do reino animal”.

Pessoas que estavam no auditório repudiaram o comentário racista e 

o acusado largou o microfone, indo embora. Posteriormente, o réu 

postou no Facebook que  “a garota negra ficou sentada com cara de primata”, intensificando o sofrimento

 da vítima. Na Justiça, a estudante declarou que foi exposta ao ridículo e que 

a postagem no Facebook teve 1.723 compartilhamentos e 

97 mil visualizações, aumentando ainda mais a sua angústia e tristeza.

Fonte:Bahia Notícias - 21/11/2022

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