sexta-feira, 15 de maio de 2009

Caetano fala sobre seu novo trabalho


A coletiva com Caetano Veloso, sobre os novos disco/show Zii e Zie não se ateve apenas a esses assuntos, ou não seria Caetano. Por quase duas horas o artista atendeu à imprensa com o bom humor, a franqueza, a inteligência e a prolixidade que lhe marcam o estilo. Sobre o show ele destacou a importância do cenário de Helio Eichbauer e também da luz, como diferenças fundamentais para o Obra em Progresso. Caetano, que esteve no último 13 de maio em Santo Amaro, por conta do Bembé do Mercado, irritou-se ao comentar os vícios do movimento negro no Brasil: “Temos uma vontade filha da puta de sermos americanos. Imitamos o rock’n’roll, o emo, o movimento negro e o rap”. Para ele o 13 de maio não pode ser negado em prol do 20 de novembro (Dia da Consciência Negra). E ressaltou a importância de Joaquim Nabuco e André Rebouças. “Zabé come Zumbi / Zumbi come Zabé, é a minha máxima!”, falou sorrindo. Pergunto a Caetano: - Você desde os primórdios do Tropicalismo vem ‘colocando todos os fracassos nas paradas de sucesso’, e com isso se tornou, você mesmo, um grande sucesso. Entretanto, sempre que aparecem em seus shows momentos como a interpretação do ‘Tapinha’ ou como agora com as canções do Fantasmão e do Psirico, as pessoas e a imprensa ainda se espantam como se fosse um escândalo. Como você sente isso? O Tropicalismo ainda vai nascer, Caetano? Resposta: - (risos) Bom, eu concordo com tudo que você disse, especialmente com essa frase: o Tropicalismo ainda vai nascer! (novos risos) Eu abro o show com o samba A Voz do Morto, que é propriamente tropicalista e eu fiz por encomenda da Araci de Almeida e depois toquei com Os Mutantes, uma banda de rock, naquela época. E agora eu voltei a ele ao qual acoplei refrões do Fantasmão e Psirico porque eu gosto muito. E ainda sobre o pagode baiano: “Esses grupos, a começar pelo Gera-Samba, trouxeram o samba para o carnaval baiano, que era só marcha e frevo, e mais, o samba mais genuíno da Bahia, o samba chula. Isso é a volta de uma energia criativa que é nossa e que as pessoas parecem não estar percebendo. Eu às vezes me sinto sozinho”. Caetano ressaltou a necessidade de uma nova abolição. O show Zii e Zie chega a Salvador em 05 de junho, depois de passar por seis cidades. Os ingressos (R$60 e R$ 30) já estão à venda no TCA.


fonte: Bahianotícias

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