domingo, 17 de maio de 2009

Reitor da UFBA fala sobre o novo Enem



Na última quarta-feira (13), pró-reitores e reitores representantes da regiões do país discutiram das 9 da manhã às 7 da noite os rumos da educação básica e seleção para ensino superior nacional. A Comissão de Governança aprovou, no fim da reunião com o Ministério da Educação (MEC), o aguardado programa de conteúdos do Enem 2009. As promessas em torno das matrizes e habilidades eram muitas: sepultar o decoreba e forçar o currículo de ensino médio de volta aos trilhos, longe da artificialidade inócua dos preparatórios pré-vestibular. Aos estudantes, foi dado mais um instrumento para conhecer uma prova da qual quase nada conhecem, bem diferente daquilo para que foram treinados a vida toda. Sobre o impacto que o ideal de estudante exigido pelo Enem terá nos candidatos baianos, a repórter Mirela Portugal conversou com o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida Filho, representante do Nordeste na comissão responsável por definir os parâmetros do novo projeto.

Quais as diferenças entre programa aprovado e o tradicional adotado pela Ufba?
A diferença é mínima em relação ao nosso anterior. Ambos seguem estritamente as orientação curricular de ensino médio. A maior novidade é que fundamentalmente vai se cobraras habilidades e competências do aluno, em detrimento do conteúdo. Isso inverte a situação do vestibular, puro medidor de conhecimento. E nossa primeira fase já abordava a interdisciplinaridade. Um aluno que se preparava para a federal tem plenas condições de ir bem na prova.
Em que termos a ufba adota o novo enem? Ela vai aderir ao Sistema de Seleção Unificado?
Não,por enquanto, para os Bacharelados Interdisciplinares, o Conselho Universitário aprovou a entrada no Sistema de Seleção Unificado, o que permite ao inscrito escolher até cinco cursos em cinco universidades diferentes. Para os cursos de progressão linear se mantém o vestibular tradicional.
Algo vai mudar no calendário de seleção?
Não, o calendário de seleção foi mantido, com provas nos dias 3 e 4 de outubro pro BI. Em relação aos cursos de progressão linear, as datas serão divulgadas com o lançamento do edital 2010, em agosto.- Os alunos passaram a vida escolar se preparando para um certo tipo de avaliação.
As mudanças de parâmetros não representam uma desvantagem?
Não, porque a mudança total é apenas para o BI. E os alunos do BI têm outro perfil, estão procurando um tipo diferente de universidade. Esse exame criado é totalmente compatível para o projeto Universidade Nova, que já previa uma mudança de seleção. E mesmo nos cursos de progressão linear o caráter interdisciplinar era forte.- Ainda assim, o projeto foi apresentado em março e já será implantado, sem maiores repercussões com a sociedade.NA- Bom, a mudança não está sendo bursca na Ufba, estamos fazendo em etapas. Novo Enem por enquanto só em BI, e talvez, depois como primeira fase. De qualquer maneira este formato é uma evolução em relação aos formatos anteriores, e não tem porque ele se manter só porque os alunos estão acostumados.- Mas na Bahia há uma conjuntura negativa específica, como o problema dos estudantes da rede estadual que ficaram meses sem aula desde o começo deste ano letivo. A prova se aproxima, daqui a seis meses.
Não seria melhor manter o processo tradicional por enquanto?
Não, a conjuntura desfavorável já estava vigente ainda no sistema antigo. Mas esse que está sendo aberto está mais aproximado da realidade da escola pública, menos ligado às toneladas de conteúdo. Alunos de escolas publicas têm vantagem patente por se exigir menos da memorização. Sabemos que o que faz a diferença na educação é que aqueles com mais dinheiro podem pagar preparatórios mais treinadores na entrada na universidade. Além do que o sistema aprova e confirma as cotas.
O senhor espera uma mudança no perfil do aluno da federal?
Não, eu acredito que de imediato não, mas à longo prazo o sistema de educação vai buscar a preparação de alunos para soluções de questões, antes de querer estudantes voltados para a competição e exposição de conteúdos acumulados. À longo prazo o perfil mudara porque o ensino médio terá mudado.
Fonte:Mirela Portugal do jornal atarde.

0 comentários:

Postar um comentário