segunda-feira, 29 de março de 2010

Mundo: Duplo atentado no metrô de Moscou mata pelo menos 36 pessoas


Ao menos 36 pessoas morreram e outras 32 ficaram feridas nesta segunda-feira em duas explosões causadas por mulheres-bomba nas estações de metrô de Lubianka e Park Kultury, no centro de Moscou, capital da Rússia, segundo balanço do Ministério das Situações de Emergência. Pouco depois, o presidente Dmitri Medvedev declarou ao público que vai reforçar a segurança nos transportes e a guerra contra o terrorismo.
O número de vítimas pode aumentar e a agência de notícias Reuters já fala em 37 mortos e 38 feridos.
"Segundo as primeiras informações, as duas explosões foram cometidas por mulheres-bomba", afirma um comunicado dos Serviço de Inteligência russos (FSB, antiga KGB). A informação já havia sido antecipada pelo prefeito de Moscou, Iuri Lujkov.
Denis Sinyakov/Reuters
Bombeiros e equipes médicas trabalham perto da estação de metrô Park Kultury, um dos alvos dos ataques
A agência russa de aviação pediu aos aeroportos que aumentem a segurança depois dos atentados. As autoridades russas pediram ainda que as pessoas evitem viajar em meios públicos de transporte a menos que seja necessário --um alerta que vem em plena manhã de segunda-feira, quando muitos usam o metrô e ônibus para ir ao trabalho.
O diretor do FSB, Alexander Bortnikov, afirmou que os atentados foram provavelmente executados por grupos terroristas vinculados aos separatistas do Cáucaso. Até o momento, contudo, ninguém assumiu a autoria dos atentados.
"Segundo a versão preliminar, os atentados foram cometidos por grupos terroristas vinculados à região do Cáucaso Norte. Privilegiamos esta versão", declarou Bortnikov.
Os serviços de inteligência russos dizem que a hipótese é de que as duas mulheres-bomba que detonaram explosivos nas estações do metrô eram naturais desta região, uma parte da Rússia majoritariamente muçulmana, cenário de uma violenta insurgência nos últimos anos.

Ataque

O primeiro atentado, que deixou 24 mortos e 17 feridos, aconteceu às 7h57 (0h57 no horário de Brasília) em um vagão parado na estação Lubianka.
A Praça Lubianka abriga a sede do FSB, sucessor da KGB soviética, que neste edifício interrogava e eliminava os dissidentes durante as punições da então União Soviética.
O segundo atentado, executado na estação Park Kultury às 8h40 (1h40 no horário de Brasília), matou pelo menos 12 pessoas e deixou 15 feridos.
"Em Park Kultury, segundo dados preliminares, foi uma mulher-bomba. Segundo os fragmentos do corpo, que estão sendo examinados, o explosivo estava na altura da cintura. A situação é a a mesma em Lubianka", disse o porta-voz do comitê de investigação do Ministério Público de Moscou, Vladimir Markin.
Policiais retiram as pessoas da estação Park Kultury, em Moscou; ao menos 36 morreram nos atentados
"Até o momento não recebemos nenhuma ligação de reivindicação", disse Markin, antes de destacar que a polícia está em alerta.
A polícia também procura duas mulheres que acompanharam as suicidas até o metrô, segundo fontes dos serviços de segurança.
Os atentados aconteceram em duas estações da mesma linha. As outras linhas do metrô de Moscou, que diariamente transporta 8,5 milhões de pessoas, permaneciam funcionando normalmente.
Na Praça Lubianka, os sobreviventes ligavam para os familiares para relatar o acontecido.

Reação

O presidente Medvedev afirmou que o país continuará combatendo o terrorismo sem hesitar e ordenou um reforço da segurança nos transportes de toda a nação.
"A política de repressão do terror e de luta contra o terrorismo continuará. Prosseguiremos com as operações contra os terroristas sem hesitação e até o fim", afirmou Medvedev, durante uma reunião de emergência convocada após os atentados.
O presidente russo se mostrou convencido de que os terroristas queriam causar a "desestabilização da situação no país e na sociedade", segundo as agências russas. "Isto, evidentemente, é a continuação da atividade terrorista", disse Medvedev, que lamentou que as medidas antiterroristas adotadas até agora fossem "obviamente, insuficientes".
O presidente russo ressaltou a importância de reforçar a segurança antiterrorismo e aplicar essas medidas não só na escala local mas nacional.
"Prevenir atentados desta classe é um assunto complicado, da mesma forma que garantir a segurança no transporte", disse.
O chefe do Kremlin pediu às forças de segurança para "controlarem com firmeza a situação, mas sem violar os direitos dos cidadãos". Também pediu às autoridades para oferecer toda a ajuda necessária às vítimas, a seus parentes e a outros afetados pelo pânico causado pelo atentado.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, em viagem oficial a Karsnoiarsk, Sibéria, recebe informações detalhadas sobre a investigação e a ajuda às vítimas, anunciou o seu porta-voz, Dmitri Peskov.

Histórico

Moscou registrou nos últimos dez anos uma série de explosões reivindicadas por militantes da causa separatista da Tchetchênia, uma república do Cáucaso. Nos últimos anos, contudo, os atentados se tornaram menos frequentes.
O último ataque no metrô de Moscou acontecera em 6 de fevereiro de 2004, entre as estações Avtozavodskaia e Pavelestakia, com um balanço de 41 mortos e 250 feridos.
Em agosto do ano passado, Medvedev anunciou a ampliação da campanha contra o terrorismo no Cáucaso Norte, após outro atentado suicida ter sido perpetrado contra um prédio da polícia na república da Inguchétia, no qual morreram 24 pessoas.
Nos últimos meses, as tropas russas intensificaram as operações militares contra rebeldes islâmicos no Cáucaso Norte e mataram vários dirigentes rebeldes.


Fonte:Folhaonline

Foto:Misha Japaridze/AP

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