O ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) deixou a audiência pública da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia na Câmara nesta quarta-feira (7) escoltado após bate boca com deputados.
Após questionar Salles sobre propostas do governo para conter o desmatamento na Amazônia e sobre mudanças no Fundo Amazônia, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) acusou o ministro de ser "office boy de um modelo de desenvolvimento que quer destruir os recursos naturais e comprometer a vida no futuro".
Tatto também comparou Salles aos bandeirantes paulistas. "O senhor só não se parece fisicamente com Borba Gato, Fernão Dias e Jorge Velho, mas a ação que o senhor faz é a do novo bandeirantismo que vai lá cooptar e matar. Vai cooptar uma liderança em detrimento da organização daquele povo, desrespeitando a entidade, desrespeitando a associação. E se não [conseguir] cooptar faz como sempre se fez, mata", disse.
O deputado também disse que Salles era o "melhor ministro da Agricultura em ministério do Meio Ambiente". A fala do parlamentar provocou um tumulto na Casa. Deputados saíram em defesa do ministro enquanto outros cobravam respostas sobre planos para combater o desmatamento.
Em resposta, Salles pediu respeito. "Não admito que o senhor me trate desse jeito. Eu não sou office boy de coisa nenhuma". O ministro ainda respondeu ao comentário sobre o ministério da agricultura exaltando empresas mineradoras e a ministra Tereza Cristina (Agricultura).
"Se fosse realmente uma questão de ministério da Agricultura, o que não é verdade, mas se fosse, eu teria grande orgulho de defender uma atividade que emprega as pessoas nesse país e que cuida do meio ambiente e que faz um bom serviço para nossa sociedade. Respeito muito a ministra Tereza Cristina e entendo que devemos respeitar e muito a atividade agropecuária. Não aceito que isso seja demonizado."
Avisos de operação de fiscalização Tatto também questionou o ministro sobre o suposto anúncio prévio de operações de fiscalização contra desmatamento no site do ministério, medida que colocaria em risco o sucesso das ações.
Salles disse que não houve aviso prévio de ações de fiscalização por parte do ministério e do Ibama. "Se o senhor verificar a informação que consta, vai ver que a informação que foi colocada era de operação que já estava em curso."
Em maio, porém, uma nota do Ibama sobre desmatamento na Amazônia, divulgada no site do órgão, anunciava onde seriam realizadas as próximas ações de fiscalização.
"Estão planejadas operações de fiscalização contra o desmatamento ilegal nas áreas críticas da Amazônia, que incluem Terras Indígenas e Unidades de Conservação no sudoeste do Pará, região que abriga a Floresta Nacional do Jamanxim", afirmou o Ibama no texto. O anúncio foge ao padrão do órgão que preza pelo sigilo dos alvos de operações.
Desde março, o Ibama foi proibido pelo Ministério do Meio Ambiente de responder diretamente aos questionamentos imprensa. Informações da Folhapress.
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