Dois turistas, sendo um deles o lutador e influencer Ludvick Rego, postaram um vídeo onde aparecem atacando uma baiana no Pelourinho. Nas imagens, eles filmavam, de longe, a mulher enquanto faziam declarações preconceituosas.
Em vídeo enviado para a TV Bahia, a mulher que aparece nas imagens - Eliane de Jesus - conta que está indignada com a publicação e trabalha no Pelourinho há mais de dez anos.
"Meu nome é Eliane e eu estou aqui para falar sobre um vídeo que está rolando aí, sobre a minha imagem, de duas pessoas insignificantes. Ele bateu foto minha e eu não vi. Não fui até ele, eu nem sei quem é ele, eu vi depois que ficou rolando nas redes sociais e na internet as pessoas falando sobre isso", disse.
Foto: Eliane de Jesus / Arquivo pessoal
"E eu estou muito indignada, estou muito ferida com isso, porque isso é intolerância religiosa. Eu trabalho no Pelourinho há mais de dez anos, benzo, e sou suspensa como Ekede [cargo no candomblé] em uma casa [terreiro]. Então não é certo ele me chegar e fazer isso com minha imagem. Isso é uma intolerância contra a minha religião", afirma.
“Aquela baiana ali, ela tem cara de macumbeira?”, questionou um dos homens no vídeo. “Ela é baiana”, respondeu o outro. Em seguida, ele perguntou: “Ela é o quê?”. Respondendo à própria pergunta, ele emendou algo como “maconheira” ou "marmoteira". Durante a fala, houve uma interrupção. Depois disso, o veredito final: "Ela é preguiçosa", citando o estereótipo preconceituoso atribuído a baianos.
Além disso, enquanto riam, um dos turistas disse que a baiana iria "roubar o seu axé". Já o outro, Ludvick, respondeu que ela “vai roubar o meu colar para ela”. Informações do Correio da Bahia em 15/11/2021
Em vídeo enviado para a TV Bahia, a mulher que aparece nas imagens - Eliane de Jesus - conta que está indignada com a publicação e trabalha no Pelourinho há mais de dez anos.
"Meu nome é Eliane e eu estou aqui para falar sobre um vídeo que está rolando aí, sobre a minha imagem, de duas pessoas insignificantes. Ele bateu foto minha e eu não vi. Não fui até ele, eu nem sei quem é ele, eu vi depois que ficou rolando nas redes sociais e na internet as pessoas falando sobre isso", disse.
Foto: Eliane de Jesus / Arquivo pessoal
"E eu estou muito indignada, estou muito ferida com isso, porque isso é intolerância religiosa. Eu trabalho no Pelourinho há mais de dez anos, benzo, e sou suspensa como Ekede [cargo no candomblé] em uma casa [terreiro]. Então não é certo ele me chegar e fazer isso com minha imagem. Isso é uma intolerância contra a minha religião", afirma.
Após a repercussão, Ludwick e Rômulo também se manifestaram nas redes sociais e trancaram os perfis. Assista:
Retratação
O vídeo viralizou nas redes sociais, com baianos revoltados com a postura da dupla. Após o barulho, os dois, que são do Rio de Janeiro, gravaram um vídeo juntos, onde apresentam sua versão dos fatos.
"Viemos aqui pedir desculpas ao povo da Bahia, Pelourinho e axé. Em nenhum momento quisemos ofender. Estávamos em uma brincadeira. Aquela mulher estava 'vendendo axé', e quem é da religião sabe que axé não se vende. Benção se dá", começaram.
"Em nenhum momento quisemos denegrir a imagem da Bahia ou dos baianos. Também queremos deixar claro que a mulher não era vendedora de acarajé. Ela queria benzer minhas guias, vendendo axé. Foi aí que começou a brincadeira. Viemos pedir desculpas a todos que se sentiram ofendidos: baianos, povo do axé, vendedoras de acarajé", disse Ludwick.
Já o outro homem reclamou de supostas ameaças que vem sofrendo, dizendo que isso "não precisa ocorrer". "Peço desculpas ao povo da Bahia, que amo e tenho muitos amigos. Desculpa a todos", pediu.
Repercussão
Em nota, Associação Nacional das Baianas de Acarajé se solidarizou com a vítima, mesmo que ela não seja uma baiana. "Alertamos a todo instante sobre a importância em não disseminar o racismo, preconceito e forma perversa de dar continuidade aos maus tratos que só geram dores e tristezas", começou o comunicado.
"Viemos em público acolher essa senhora, que não é Baiana de Acarajé, mas ganha seu sustento no ponto turístico de Salvador com seu dom de cura com as folhas e boas energias, acolhendo baianos e turistas que solicitam seu serviço. Por tanto Senhor Ludvick e toda sua cúpula que compactua em continuar as chibatadas em nosso povo de negro, de axé e que ganha o sustento da sua família com trabalho digno, merece nosso total respeito e empatia, não vamos tolerar essa sua afirmação tão absurda e cheia de deboche. O Novembro Negro existe para que pessoas como você se eduque e busque dissolver o racismo estrutural para que o mesmo não seja reproduzido", disse a associação.
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