Centenas de migrantes detidos no centro de detenção Alligator Alcatraz, a oeste de Miami, desapareceram dos registros do Serviço de Imigração dos EUA (ICE), segundo reportagem do jornal Harici. Organizações de defesa dos direitos de imigrantes afirmam que advogados e familiares não conseguem localizar os detidos que deixaram de constar no banco de dados online da agência.
Luis Sorto, da rede Sanctuary of the South, oferece serviços jurídicos aos migrantes detidos e é um dos integrantes de uma ação contra o governo por restrições de acesso de advogados à prisão migratória. Ele contou ao jornal que ao procurar os detidos, o localizador do ICE apenas traz a mensagem padrão: ‘ligue para o Departamento de Correções da Flórida para detalhes”.
Segundo Sorto, todos os autores da ação contra o governo foram transferidos após um outro processo judicial, em agosto, questionar a autoridade da Flórida para manter os detidos na prisão. A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que entrou com a ação, descreveu Alligator Alcatraz como um “buraco negro” e afirmou que registros dos presos que entraram com a ação também não aparecem mais no radar do sistema de imigração. “Seus advogados e famílias muitas vezes não sabem onde estão ou como contatá-los”, diz a entidade.
Em entrevista ao El País, a advogada Eunice Cho, do Projeto Nacional de Prisões da ACLU, afirmou que a “persistente recusa do ICE em atualizar prontamente a localização dos detidos cria um obstáculo significativo à comunicação entre advogados e clientes, mina o princípio do devido processo. “É outro indicador da crueldade do sistema de detenção”, salientou.
De acordo com o Miami Herald, em agosto deste ano, cerca de 800 detidos deixaram de constar no sistema, informa a reportagem do Harici.
Pressão por fechamento
Alvo de uma decisão judicial ocorrida em agosto, o centro prisional teve seu fechamento determinado para outubro. No entanto, um painel do Tribunal Federal de Apelações neste mês permitiu que as operações continuassem. Em protesto, no último domingo (21/09), líderes religiosos e a Anistia Internacional dos EUA realizaram uma vigília pedindo o fechamento da prisão.
Ao portal da Flórida WLRN, Amy Fischer, diretora de Direitos de Refugiados e Migrantes da Anistia Internacional EUA, chamou o lugar de “um desastre de direitos humanos”. Construído em pouco mais de uma semana em uma antiga pista de pouso nos pântanos dos Everglades, o Alligator Alcatraz contou com apoio público do presidente Donald Trump.
Logo após sua reabertura, em julho deste ano, surgiram denúncias de higiene precária, má alimentação e maus-tratos contra os migrantes detidos. “A Anistia Internacional ouviu relatos horríveis de que pessoas que foram enjauladas no Alligator Alcatraz passaram por um inferno”, disse Fischer ao veículo da Flórida. “Essas condições não são falhas isoladas — elas são parte integrante do sistema projetado para a crueldade e destinado a desumanizar nossos amigos e vizinhos imigrantes”, reiterou Fischer.
Fonte:OPERAMUNDI/REPRODUÇÃO -25/09/2025 19h:20
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