quinta-feira, 12 de maio de 2016

Senadores baianos votaram contrário ao afastamento da presidente Dilma

'Admissibilidade transformou-se em estado de julgamento', critica Pinheiro sobre votação
Foto: Reprodução/ TV Senado
Apesar de não declarar seu voto no plenário do Senado na madrugada desta quinta-feira (12), o senador baiano Walter Pinheiro (Sem Partido) fez um discurso contrário ao impeachment, como já previsto o ex-petista criticou a votação da admissibilidade do processo, que teria se transformado em um julgamento. "Nenhum daqueles atos passou ainda pela última etapa de julgamento. Estamos em um 'sim' ou 'não' de condenação antes de um julgamento", afirmou. Para Pinheiro, esse debate "triste" ignora as responsabilidades do Senado e da Câmara na trajetória do atual governo.

O parlamentar defendeu ainda que a população brasileira deveria ter a possibilidade de tirar ou não o governo eleito. "Nós deveríamos ofertar a possibilidade de tirar esse governo, as duas cabeças, Dilma e Temer, mas apenas àqueles que tiveram a possibilidade de eleger", disse o baiano. Pinheiro também comparou a chapa formada pela presidente Dilma Rousseff e pelo vice Michel Temer a um casal "que se separa e diz à sociedade que a culpa é do outro", além de ressaltar que Temer deveria assumir o governo, em caso de confirmação do impeachment, com o mesmo programa apresentado no período das eleições. "Estamos votando a condenação do povo brasileiro, estamos impondo ao povo brasileiro um novo presidente da República sem que ele tenha possibilidade de opinar".


Para Otto Alencar, impeachment só foi possível devido à perda de popularidade de Dilma
Foto: Reprodução/ TV Senado
Contrário à admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou na madrugada desta quinta-feira (12) que o processo só está em andamento devido à queda da popularidade da petista. "Escolheram a presidente Dilma em um momento político de perda de popularidade. Se estivesse com a popularidade alta, ninguém faria isso", disse ao lembrar que o ex-presidente Lula não passou por investigações durante seu mandato. Em seu discurso durante a sessão que decide a admissibilidade do processo de impeachment, Otto defendeu a presidente afirmando não acreditar que qualquer outro presidente resolveria os problemas enfrentados pelo Brasil de melhor forma. "Não posso deixar de reconhecer que aconteceram erros políticos e administrativos, como qualquer um pode errar", ponderou o senador. "Mas tenho absoluta certeza que a presidente Dilma não cometeu nenhuma falha moral", completou. Para ele, um dos maiores erros foi a nomeação de ministros ou diretores de empresas "com carteira assinada por partidos políticos", que agiram apenas como ordenaram as legendas. "Não há como se jogar na responsabilidade da presidente Dilma o que aconteceu na Petrobras. Não foi ela que indicou o Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP. 

Não foi ela que indicou o Renato Duque, foi o PT. Assuma sua responsabilidade. Não foi ela que indicou o Cerveró, foi o PMDB. O Pedro Barusco vinha até da época do Fernando Henrique Cardoso. Existe um conjunto de fatos que aconteceram que não se pode culpar absolutamente a presidente Dilma". O senador baiano aproveitou o momento para destacar que, nos 16 meses que passou no Senado Federal, não se discute outra coisa que não a crise do governo.

‘Nunca um governo foi tão sordidamente traído’, diz Lídice em discurso no Senado
Foto: Reprodução / TV Senado
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) usou grande parte do seu discurso no plenário do Senado, na madrugada desta quinta-feira (12), para criticar os antigos aliados do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) que agora apoiam o impeachment. “Nunca um governo foi tão sordidamente traído como esse, por deputados e partidos que até ontem dele participavam e usufruíam de suas benesses e cargos”, disse a baiana, 46ª a falar durante a sessão que decidirá sobre a abertura do processo contra Dilma. Para Lídice, nenhum dos senadores ou deputados que se posicionaram sobre o processo conseguiu “comprovar de forma cristalina e juridicamente incontestável” que a presidente cometeu crime de responsabilidade. “O que menos se ouve é a comprovação do cometimento de crime de responsabilidade, substituído pelo falacioso argumento do “conjunto da obra”, aí incluídas a crise econômica, o cruel desemprego, a difícil personalidade e a falta de diálogo da Presidenta, entre outros, num flagrante desrespeito aos princípios constitucionais”, criticou.
 A senadora classificou o processo como “contaminado por um grave e irreparável pecado original: o de ter sido urdido, iniciado e conduzido, num gesto de vingança pessoal, pelo presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha”. Apesar de reafirmar críticas feitas anteriormente à gestão de Dilma, Lídice defendeu que o impeachment não será a solução para a crise que o país enfrenta. 

Em seu discurso, ela comparou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) a Itamar Franco, que assumiu a presidência em 1992 depois de um processo semelhante ao então presidente Fernando Collor: enquanto o primeiro “se recolheu ao silêncio e à discrição até o julgamento final”, Temer teria transformado o Palácio do Jaburu “num comitê eleitoral pró-impeachment, arregimentando votos de deputados a favor da admissibilidade do processo, em troca de promessas de benesses, espaços e cargos”. “Os anúncios de montagem desse novo governo, uma verdadeira e escandalosa feira de cargos, antes mesmo da manifestação do Senado Federal, foi uma clara atitude conspiratória que faria corar ‘Frank Underwood’, personagem da série de TV House Off Cards, em que um vice-presidente dos Estados Unidos conspira nas sombras para derrubar o presidente eleito e tomar-lhe o lugar”, avaliou.

FONTE: bn

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