quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Bolsonaro escolheu Mourão de vice após reunião com filhos em banheiro

                                 foto:reprodução

Jair Bolsonaro decidiu escolher o general Hamilton Mourão para o cargo de vice em 2018 após uma reunião com seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio, em um banheiro. O episódio é narrado pelo deputado Eduardo Bolsonaro em um livro laudatório sobre o pai, que será lançado nos próximos dias.

“Na última hora, no dia da convenção do PSL, aconteceu algo curioso: sentindo que não sabia em quem poderia confiar totalmente, meu pai me chamou, junto de meus irmãos, no banheiro do ginásio em que se dava o evento, para discutirmos uma solução.” Depois, Bolsonaro foi ao PRTB e selou a chapa com Mourão, afirmou Eduardo no livro Jair Bolsonaro: o Fenômeno Ignorado, escrito com Mateus Colombo, assessor olavista que tem um cargo de confiança na comunicação do Planalto.

Apesar de buscar exaltar ao máximo Jair Bolsonaro, que segue atrás de Lula nas pesquisas, Eduardo Bolsonaro deixou escapar que o pai desconfiava dos filhos quando tentava se reeleger deputado federal. A prática aconteceu nos anos 1990 e no começo dos anos 2000, quando Carlos e Flávio já eram vereador e deputado estadual, respectivamente.

Bolsonaro bolou uma estratégia para descobrir se os filhos ou assessores estavam realmente entregando suas cartas a eleitores. Ou, nas palavras de Eduardo, se não estavam “dando uma de malandro” e mentindo ao pai.

“Um dos instrumentos para isso eram as cartas-iscas. Para evitar que nós, os entregadores (eu, o Carlos, o Flávio e os assessores), déssemos uma de malandro, não entregando cartas e mentindo que entregamos, ele [Jair Bolsonaro] fazia o seguinte: incluía nas remessas de cartas de cada um algumas cartas para destinatários inexistentes. Então, se um de nós voltasse para a base dizendo que conseguiu entregar todas as cartas, o capitão já sabia que ali tinha mutreta, pois pelo menos a carta-isca tinha que ter voltado junto.”

Eduardo foi o único filho a dividir a Câmara com o pai, de 2015 a 2019. Em 2016, no dia em que a Casa votaria o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, Jair sondou Eduardo sobre uma ideia de voto: homenagear o coronel Carlos Ustra, notório torturador da ditadura. Como se sabia, Dilma fora presa e torturada na ditadura. Eduardo ficou em cima do muro:

“Se você está seguro disso, eu vou estar do seu lado, apoiando. Você sabe o que faz.”

O livro que rasga elogios a Bolsonaro não faz qualquer menção a investigações de rachadinha, crime de peculato, contra a própria família; tampouco a ameaças golpistas e embaraços de seu governo. Para Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro tem uma trajetória parecidíssima “à de um herói”.

Fonte: Metrópoles - 01/09/2022

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