A vereadora de Salvador Maria Marighella (PT), durante entrevista ao Projeto Prisma, podcast de política do Bahia Notícias, na tarde desta segunda-feira (26), lembrou de quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) mencionou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – reconhecido pela Justiça como torturador da ditadura militar – no momento do voto a favor do impeachment de Dilma e considerou que “Foi violento demais” ouvir isso na democracia.
“Na hora em que Bolsonaro dedica o seu voto a Ustra, foi o momento que eu me levantei e parei para pensar: tem alguma coisa da democracia que a gente não disputou. [...] Ustra, o torturador, que opera a prisão do meu pai, o torturador da presidenta, tem passe livre e a única pessoa que precisava sair fazendo um desagravo era Jean Wyllys, eu sabia que a democracia do Brasil tinha ultrapassado a linha para a brutalidade. O Brasil rompe os pactos dos quais ele é signatário relacionados aos direitos humanos e você vê que a população não tem total consciência do que está acontecendo, por causa da falta do direito à memória, falta do direito à verdade, falta de justiça, porque os torturadores não foram julgados”, disse Marighella.
Entre 1970 e 1974, Ustra chefiou o DOI-Codi, divisão de repressão e inteligência da ditadura Ele foi o primeiro militar condenado por crimes cometidos durante o regime. Em 2008, o juiz Gustavo Santini Teodoro sentenciou o coronel pela prática de tortura e sequestro na década de 1970. Testemunhas ouvidas no processo disseram que Ustra comandava pessoalmente as sessões de tortura. Quatro anos depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a decisão que reconheceu Ustra como o responsável pelas torturas praticadas contra a família Teles, que moveu a ação.
Fonte: BN -26/12/2022
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