sexta-feira, 11 de julho de 2025

Economia: “Família Bolsonaro pratica traição à pátria”, diz empresário Lawrence Pih

                                       Créditos: Eduardo Anizelli/Folhapress

Em entrevista Exclusiva ao jornalista Marco Piva da  Revista Fórum, o empresário falou sobre o atual momento da economia brasileira e mundial. Confira abaixo


Lawrence Pih figura entre os empresários mais respeitados do país. Por cinco décadas comandou o principal moinho brasileiro e se tornou uma voz progressista na relação entre capital e trabalho. 

Atualmente, se dedica a pesquisar a geopolítica e a macroeconomia internacional, focando principalmente as relações entre o Brasil, Estados Unidos e China.

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marco Piva, da Fórum, ele critica o “tarifaço” de Trump contra o Brasil, elogia a resposta de Lula e pede ao governo mais firmeza para desmascarar o Centrão, que considera o que de pior existe na política nacional.


Marco Piva – Como o senhor avalia a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em até 50% os produtos brasileiros e criticar a democracia brasileira por uma suposta perseguição política a Jair Bolsonaro?

Lawrence Pih - A decisão do presidente Trump foi estimulada e arquitetada por Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro que, dessa forma, praticam alta traição à pátria. Trump é alinhado ideologicamente com a ultradireita fascista do bolsonarismo. A imposição de tarifas de 50% sobre toda a exportação brasileira aos Estados Unidos com justificativas espúrias e intromissão em assuntos domésticos do Brasil é um novo rebaixamento nas relações internacionais entre países democráticos.

O presidente Trump não só diz que Jair Bolsonaro está sendo perseguido como quer mandar o Brasil parar de perseguí-lo. O Brasil é um país soberano que tem o dever e a obrigação de traçar o seu próprio destino. O que a gente pode ver é a similaridade entre Trump e Bolsonaro. Ambos não são democratas e pertencem à ultradireita. Então, há uma convergência ideológica e de postura. Eu me admiro porque os Estados Unidos têm tantos problemas internos para resolver e o presidente norte-americano insiste em interferir em assuntos de outros países. Talvez Trump queira que o Brasil seja uma Argentina.

MP - A resposta do presidente Lula esteve à altura dessa intromissão ou a manifestação do Trump pode fortalecer o sentimento da parcela da população que é a favor de Bolsonaro?

LP – O presidente Lula deu uma resposta adequada, embora pudesse ter sido mais firme e mais agressivo. Mas, eu entendo a sua posição de presidente de um país importante e, por esse motivo, ele deve sempre usar mais da diplomacia. Agora, ao invés de fortalecer o Bolsonaro, acredito que o povo brasileiro está consciente de que houve uma interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos do Brasil. Então, eu não acho que essa manifestação do Trump foi favorável ao Bolsonaro. Pelo contrário, acho que favorece o governo brasileiro.

MP - Congresso e governo iniciaram uma disputa que foi parar no STF. O ministro Alexandre de Moraes, por sua vez, propôs uma audiência entre as partes na busca de um acordo amigável. O casamento entre Executivo e Legislativo acabou em divórcio ou ainda existe uma chance de reconciliação?

LP - Primeiro, nós temos que olhar um pouco o histórico do Hugo Motta e da sua família. Ele é natural da Paraíba e a família dele está na política há décadas. Essa família tem enfrentado vários problemas com a justiça. A mãe é acusada de desvio de milhões de reais da cidade onde foi prefeita, o pai foi afastado da vida pública por corrupção e até a avó enfrenta processos por desvio de dinheiro público. Então, com esse histórico, não me surpreende o que Hugo Motta fez e como age. O interessante é que ele foi eleito presidente da Câmara também com o voto do PT e dos partidos da base do governo. Então, se trata de uma pessoa que não tem compromisso com qualquer acordo. E sendo do Centrão, a gente não deve esperar muita coisa.

Quando a gente fala em questão fiscal, por exemplo, temos que lembrar dos 800 bilhões de reais de desoneração, que é uma isenção incompreensível dada para alguns setores da economia. Nisso o Congresso não quer mexer. Então, seria também importante perguntar para os senhores Hugo Motta e David Alcolumbre por qual motivo eles não colocam esse tema na pauta? Porque o Centrão não apoia. Seria bom o governo perguntar para eles em público.

Por isso digo que a questão fiscal tem solução e não é uma só. Não vejo, por outro lado, a situação fiscal tão grave assim. É realmente a política e o palanque funcionando nesse tema porque o Brasil não está numa situação desesperadora, mas a oposição quer fazer parecer isso promovendo uma narrativa falsa, sem lógica, sem sustentação nos fatos.

Agora, o problema é que o governo tem que formar maioria nas matérias de seu interesse, inclusive dependendo do apoio dos partidos que não se alinham nem moral e nem ideologicamente com o pensamento programático de Lula. Com menos da metade do mandato pela frente e uma popularidade de Lula ainda incerta, o Centrão sente o cheiro de sangue e vai para cima do governo para dar punhaladas nas costas. Mas, não acho que haverá divórcio porque existe a moeda de troca dos ministérios e vários cargos. Na prática, o Centrão é o que de pior existe na política brasileira.

MP - Nas idas e vindas do processo democrático brasileiro, um novo ator surgiu nos últimos tempos, especialmente durante o governo de Bolsonaro. Falo aqui do Judiciário e, em especial, do STF. Em qual ponto da fervura se encontra a judicialização da política? O Judiciário avançou mesmo sobre o papel do Legislativo?

Judicialização é uma coisa complicada. O Supremo Tribunal Federal é chamado a interpretar a Constituição. Então, se um partido ou um grupo social se sentir prejudicado, pode recorrer ao STF. A Constituição é a palavra final do país e por isso é um equívoco falar em judicialização. Basta que o Judiciário seja um intérprete correto da lei. O que está ocorrendo é que existem demandas excessivas ao Supremo, algumas são até questões menores. Isso potencializa o seu papel na democracia. O fato da Constituição de 1988 ser um pouco vaga em algumas questões complica as coisas. Mas, no final, caberá ao STF tomar as decisões de uma forma ou de outra.

MP - Essa demanda excessiva sobre o Judiciário, em especial sobre o STF, alimenta a ideia de interferência indevida no Legislativo do país e até mesmo de uma suposta perseguição política a determinadas lideranças? Aliás, até o presidente Donald Trump tem acenado com essa tese.

LP - Os ministros do STF podem sofrer impeachment do Senado. Então, toda decisão mais polêmica acaba repercutindo politicamente no Congresso. Mas, não creio num divórcio entre os poderes porque cada um sabe da sua responsabilidade e até onde pode ir. Infelizmente, do jeito que as coisas vão, estou vendo os ânimos se acirrarem. Ainda existirão muitos embates entre o Judiciário e o Legislativo.

MP – O senhor mencionou que o Centrão está sentindo cheiro de sangue diante da popularidade instável do presidente Lula e está indo “pra cima” do governo. Faltando pouco menos de um ano e meio para as eleições de 2026, o senhor acha que existe tempo suficiente para a recuperação do presidente Lula, que postula a reeleição?

LP – Um ano e meio é muito tempo em política. É tempo suficiente para reverter a situação. Hoje, o importante é que o governo mande uma mensagem clara para a população e a comunicação é fundamental nesse sentido. Veja que a economia do país está melhor e indo bem. No ano passado, tivemos um crescimento de 3,4% e neste ano devemos fechar em 2,5%. O nível de desemprego é o mais baixo das médias históricas. A agricultura cresce e o Brasil vai ter este ano um recorde na produção de grãos. O superávit comercial está ao redor de 60 bilhões de dólares e recebendo investimentos externos que devem alcançar 70 bilhões de dólares até final do ano. O poder aquisitivo do povo mais carente teve um acréscimo importante. Todos esses indicadores mostram uma economia em crescimento. Então, está faltando mandar a mensagem correta.

Para isso é importante não existir conflitos internos, o chamado “fogo amigo”. Muitas lideranças importantes do PT criticam publicamente o governo e uma das vítimas é o Fernando Haddad, que tem um trabalho muito difícil para administrar que é reger a economia. É uma grande responsabilidade para um país tão complexo e desigual como o Brasil. O cobertor é curto e, por isso, acho que o Lula deve enquadrar todo mundo e evitar críticas públicas de gente do próprio governo. Se tiver crítica, que seja feita a portas fechadas. Agora, o que pode estar por trás desse “fogo amigo” é uma disputa dentro do próprio PT para saber quem poderá vir a ser o substituto de Lula, caso ele não venha a ser candidato. Então, se o partido não caminhar junto, a situação fica mais difícil. A eleição de Edinho Silva para a presidência do PT é um bom indicativo.

Mas, insisto, sobre a questão da mensagem à população. Ela tem que ser clara e direta como vem fazendo agora sobre a questão da taxação dos mais ricos. Ficou claro que não adianta apaziguar. O governo tem que reagir e mostrar a que veio e o que já fez. Somente assim vai poder recuperar popularidade, o que, aliás, já está acontecendo. Em vez de só ser saco de pancada, tem que bater também.

MP – Esclarecer é importante, especialmente quando o assunto que está em pauta é uma taxação. Só que a gente sabe que quando se fala em taxação a ideia remete a imposto, o que é uma preocupação da sociedade. Agora, do jeito que essa disputa está acontecendo, o senhor acha que será possível que a população entenda o que está em jogo?

LP – Eu acho que sim porque se você vê que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, certamente a distribuição de renda é algo que o governo tem que prestar atenção e tentar amenizar essa disparidade social. E olha só que coisa interessante o que está acontecendo na disputa pela prefeitura de Nova York. O candidato democrata socialista Zohran Mandami vai disputar contra o atual prefeito Eric Adams, que migrou do Partido Democrata para ser independente e assim ter liberdade de apoiar as políticas de Donald Trump, que o perdoou pela prática de corrupção. Caso Mandami ganhar será uma mensagem importante para o próprio país. Ele já declarou que a desigualdade de renda tem que parar, que não pode existir pouca gente tão bilionária enquanto milhões passam necessidades básicas. Então, a narrativa do “nós contra eles” está acontecendo até no coração do capitalismo. Uma nova visão sobre como deve se conduzir uma nação começa a ganhar força no país mais capitalista do mundo e isso se reflete no mundo inteiro.

No Brasil, quando se fala em “nós contra eles” se trata simplesmente de ter uma política de distribuição mais equitativa dos recursos que, no final das contas, são de todos os brasileiros. É a riqueza e o futuro do país que estão em jogo. Este é o ponto que temos que enfocar.

MP – O senhor mencionou que a economia brasileira apresenta aspectos positivos como baixo nível de desemprego, aumento do investimento estrangeiro e maior produção agrícola entre outros. Diante de um cenário tão positivo como sair da armadilha do déficit fiscal e da alta taxa de juros?

LP – O déficit fiscal é algo que sempre preocupa. Mas, se você olhar com cuidado, o importante é o déficit líquido, que está ao redor de 66%. Isso é o mais importante e não tem nada de assustador porque o Brasil possui 340 bilhões de dólares de reservas externas e este número não é computado quando se fala em déficit fiscal. Mas, são recursos do governo. É um equívoco analisar o déficit fiscal sem considerar o déficit líquido. Com a quantidade de moeda estrangeira que possuímos, não corremos os riscos que outros países em desenvolvimento têm.

É preciso somente prestar atenção nas tentativas de ataques especulativos. Tentaram fazer isso na virada de 2024 para 2025 quando o câmbio chegou a ficar acima dos seis reais por dólar. Agora, a realidade é de R$ 5,50 com probabilidade de chegar perto dos cinco reais. Estes ataques especulativos conturbam a economia. Mas, como o Brasil tem essa reserva externa estratégica, ele se defende muito melhor. Por isso, o Brasil tem condições de ter um déficit maior do que outros países em desenvolvimento. Então, eu não vejo o déficit fiscal como um problema muito sério.

Já os juros flutuam em função da inflação. Depois da COVID 19 a inflação subiu de forma dramática e aos poucos foi necessário elevar a taxa de juros para não aquecer demais a economia. Se você aumenta demais os juros pode ter o risco de uma recessão. Entretanto, se o país está crescendo, a economia não está esfriando, ou seja, a pressão sobre a inflação continua. Cabe ao Banco Central manter o centro da meta ou pelo menos evitar que estoure o teto máximo que o próprio governo estabeleceu.

Agora a taxa de juros é alta, mas vai cair. Tenho certeza de que em 2026 os juros começarão a cair. É importante que caiam porque o crescimento do ano que vem vai ser menor do que este ano, com toda essa turbulência política externa que o governo norte-americano desencadeou.

MP – Não existe aí uma contradição se olharmos que a taxa de juros hoje está mais alta sob a presidência de Galípolo do que quando Roberto Campos Neto comandava o Banco Central? Qual é a diferença entre a gestão do Roberto Campos e a do Galípolo?

LP – Eu já vinha dizendo faz tempo de que o Roberto Campos Neto colocou um boné político quando manteve os juros muito baixos durante a campanha eleitoral de 2022. Era um equívoco pensado porque qualquer idiota saberia que depois os juros teriam que aumentar a um nível bem mais alto do que teria sido caso ele não tivesse mantido os juros baixos por uma estratégia política. O que Roberto Campos Neto fez foi deixar uma bomba relógio para o Lula e para o Galípolo. Por isso, exatamente no último período da gestão dele, os juros começaram a subir. Ou seja, ele é responsável por subir os juros porque baixou demais quando não poderia ter feito isso. Galípolo tem que consertar o estrago que Campos Neto fez. E é exatamente isso o que ele está fazendo agora. Até um ponto em que a tendência da inflação venha a se estabelecer dentro da banda que o governo mesmo estipulou. Por isso afirmo com certeza que os juros vão cair o ano que vem e que a economia continue crescendo, menos do que esse ano, mas numa situação bem melhor do que vimos na época do governo Bolsonaro.

MP – Uma das promessas do presidente Lula quando venceu as eleições em 2022 foi a de trazer o Brasil de volta ao cenário internacional depois do obscurantismo diplomático do governo Bolsonaro. Lula tem feito muitas viagens, participado de encontros importantes como o do G7 e o do G20, além de atualmente presidir o BRICS, agora ampliado, e o Mercosul. Essa agenda internacional anima a oposição a dizer que o presidente gasta muito mais tempo com as questões externas do que com os assuntos domésticos. Como o senhor avalia a política externa brasileira?

LP – Se a oposição critica as viagens do Lula, é bom dizer que, pelo menos na reunião do BRICS, ele não viajou porque aconteceu aqui mesmo no Brasil. Agora, o mais importante é que no governo Bolsonaro nosso país se transformou num pária internacional. O Lula está tratando de consertar isso e resgatar a importância do Brasil no contexto mundial. Ele é muito bem recebido em todos os lugares que visita e isso já demonstra que as viagens não são inúteis. Vale destacar as viagens para os países asiáticos, principalmente para a China, nosso principal parceiro comercial. Reabrir as portas que haviam se fechado e abrir novas portas é fundamental para o nosso desenvolvimento e o presidente Lula tem envergadura e legitimidade para fazer isso. A mudança foi da água para o vinho. Não há nem o que discutir em relação ao pequeno Bolsonaro.

MP – Um aspecto importante da política externa considerando todos esses movimentos do Lula tem sido sua manifestação de forma bastante veemente contra o que está ocorrendo atualmente na Faixa de Gaza. A oposição bolsonarista acaba reverberando as posições da Federação Israelita de São Paulo e da Confederação Israelita do Brasil quando insiste que o governo está defendendo terroristas. Esse é um ponto. O segundo é em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Alguns analistas das relações internacionais dizem que o Brasil está sendo tíbio ao não condenar explicitamente a Rússia pela invasão da Ucrânia. Como o senhor vê essas críticas e até onde o governo está acertando no tom e contribuindo efetivamente para a solução desses conflitos?

LP – Primeiro, vamos abordar a questão da Ucrânia. Quem critica a ação da Rússia nesse país tem pouco conhecimento de História. Com a dissolução da União Soviética, o então secretário de Estado norte-americano, James Baker, no governo George Bush pai, disse que a OTAN não avançaria uma polegada a leste. Então, foi feito um acordo. Em troca, a Rússia retiraria suas tropas da Alemanha Oriental permitindo a reunificação alemã. Na época, a OTAN tinha 14 países. Hoje, são 32.

Por isso, a guerra estava precificada, principalmente depois que a CIA promoveu uma insurreição popular para a derrubada do presidente ucraniano Yanukovitch. Em seguida, os Estados Unidos apoiaram a ascensão de Poroshenko, um vassalo da OTAN e dos norte-americanos. É por aí que a questão da Ucrânia tem que ser entendida.

O Brasil e a Rússia têm fortes relações comerciais na questão dos fertilizantes e do petróleo. A gente sente muito pelo que está acontecendo na Ucrânia, mas nós temos pouco relacionamento com esse país sob o aspecto geopolítico. Então, interessa muito mais ao Brasil não ter uma relação antagônica com a Rússia.

O problema de Gaza é muito antigo. Os britânicos que dominavam a região permitiram a criação do estado de Israel em 1948 expulsando os palestinos que ocupavam aquela área há mais de 700 anos. O estado de Israel sempre teve o objetivo de crescer territorialmente ganhando sucessivas guerras contra os povos da região. De uma região pequena avançou para a Cisjordânia, colinas de Golã na Síria, Gaza e assim por diante. Trata-se de um problema que não tem solução a curto prazo. Some-se a isso que existe também uma questão religiosa, especialmente sobre Jerusalém, que é a terceira cidade mais sagrada para os muçulmanos depois de Meca e Medina.

O que está acontecendo em Gaza é um extermínio da população palestina. Israel impede o acesso a água, alimentos e remédios. Bombardeia escolas e hospitais numa batalha completamente desproporcional. Então, é uma coisa simplesmente inaceitável. Humanamente é difícil de compreender como o povo judeu, que passou por um genocídio na Segunda Guerra Mundial, não tenha aprendido a lição ao infringir esse tipo de sofrimento a outro povo.

Mas, infelizmente isso não vai parar por causa do apoio que o governo e os políticos dos Estados Unidos dão ao governo israelense. Se você tem um lobby forte que influencia as eleições, se um político criticar Israel ele pode dar adeus à sua carreira. Não falo aqui do povo norte-americano porque tenho muitos amigos lá que acham inaceitável a ação de Israel contra os palestinos. No fundo, a verdade é que se trata de uma questão financeira e econômica que joga com a vida de seres humanos indefesos. Quando existe um sistema que compra influência política com recursos milionários sem limite, a corrupção é legalizada e tudo fica mais difícil de resolver.

MP – Ainda na questão internacional, qual é a força que o Brasil tem para intervir efetivamente na solução desses conflitos?

LP - Muito pouco o Brasil pode fazer. Hoje, a ONU é uma instituição internacional disfuncional. Os Estados Unidos reduziram ao mínimo a sua participação financeira, se retiraram da Organização Mundial da Saúde, sabotaram a Organização Mundial do Comércio, deixaram o Acordo de Paris e por aí vai. Isso desajusta o sistema multilateral das nações.

Veja a questão climática. Com uma COP 30 para acontecer e o que vemos é um distanciamento total do governo norte-americano. Nesse cenário, é muito difícil o Brasil ser um ator diplomático com força suficiente para ajudar na resolução de conflitos.


Fonte: REVISTA FÓRUM;REPRODUÇÃO - 11/07/2025 11h:45

0 comentários:

Postar um comentário