quinta-feira, 10 de julho de 2025

Anúncio de Trump isola bolsonarismo na defesa de taxação contra Brasil


Eduardo Bolsonaro

foto:Rafaela Felicianno/Metrópoles


O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros exportados ao país provocou um isolamento do bolsonarismo na defesa da taxação contra o Brasil.

Enquanto o grupo tentou responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF) na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, setores da economia, alguns mais ligados à direita, como o agronegócio na figura da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), demonstraram “preocupação”, defenderam “resposta firme” do Brasil e pediram “cautela” para o diálogo.


Trump, tarifas, Brasil e Bolsonaro

  • Trump tem ameaçado o mundo com um tarifaço e dá atenção especial ao grupo do Brics e ao Brasil.
  • O presidente norte-americano já ameaçou aplicar taxas de 100% aos países-membros do bloco que não se curvassem aos “interesses comerciais dos EUA”.
  • Após sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre exportações brasileiras. De acordo com o líder norte-americano, o Brasil não está “sendo bom” para os EUA.
  • Lula informou que a resposta brasileira à taxação será por meio da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
  • Ao anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Trump indicou que pode rever a medida se o Brasil abrir seu mercado e remover barreiras comerciais.

“A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, expôs o pronunciamento da FPA.

Em outra reação diferente à do bolsonarismo, o presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Joaquim Passarinho (PL-PA), do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse ao Metrópoles ver “com tristeza” o anúncio da taxação e chamou a decisão de Trump de “exagero”.

“Vejo com tristeza, pra economia brasileira, nós, como um grande parceiro americano, dos Estados Unidos, acho que o presidente [Trump] exagera muitas vezes nesse tipo de colocação, até porque isso não faz mal só pra comida do Brasil, faz mal pra economia americana também”, declarou.

“Sem justificativa”

Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a imposição de 50% de tarifas sobre o produto brasileiro por parte dos Estados Unidos foi recebida com preocupação e surpresa. Em nota compartilhada na quarta-feira (9/7), a instituição disse que não há fato econômico que justifique as taxas anunciadas por Trump.

Para a instituição, a prioridade deve ser intensificar a negociação com o governo de Donald Trump a fim de preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países. Os EUA são, segundo a Confederação, o terceiro principal parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira.

Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) também citou “profunda preocupação” e declarou que a medida tem “potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”.

A entidade que promove laços empresariais entre os dois países conclamou que os governos retornem “com urgência” para “um diálogo construtivo”.

Eduardo Bolsonaro fala em “tarifa-Moraes”

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está morando nos Estados Unidos, disse que nada disso ocorreria sob a presidência do pai e que a taxação é resultado dos “abusos” de Moraes.

Na nota divulgada, o parlamentar admite que participou de articulações que envolviam “respostas” ao Brasil.

“Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump – sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade”, diz Eduardo Bolsonaro em nota.

Eduardo também declarou que o presidente dos EUA entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um “establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária”.

Fonte: /Metrópoles - 10/07/2025

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