terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Economia: EUA retém lote de sucos de laranja exportados do Brasil

Uma agência americana que controla os alimentos reteve um lote de suco de laranja exportado do Brasil. No suco, foi encontrado um pesticida com o princípio ativo Carbendazim, de uso autorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas não registrado nos Estados Unidos para a produção de laranja. A notícia pegou os agricultores do interior de São Paulo de surpresa.
Norival Cândido Ferreira Filho é produtor em Ibitinga, no interior de São Paulo. Ele colhe, por ano, cem mil caixas da fruta e já está preocupado com a próxima safra. "Essa notícia causou uma imagem negativa para a citricultura, principalmente para o consumidor. Cria essa imagem de que a laranja está contaminada com um produto proibido, e na verdade não é proibido", diz.
O uso do Carbendazim é feito para o controle de fungos em duas fases da produção. Na florada, para combater uma doença chamada estrelinha, e com o fruto mais maduro, serve para inibir a doença conhecida como pinta preta. A laranja fica toda manchada, sem o controle a fruta acaba perdendo a força e caindo do pé antes do período da colheita. Segundo os especialistas, a perda pode chegar a 80%.
A OMS diz que, para não trazer risco a saúde humana, um litro do veneno precisa estar diluído em 500 milhões de litros de suco de laranja. No lote retido nos Estados Unidos, estes níveis estavam bem abaixo. Cerca de 200 mililitros para cada 500 milhões de litros de sucos de laranja.
O Brasil é o maior exportador de suco laranja do mundo. Só para os Estados Unidos são 220 mil toneladas por ano. E de acordo com os produtores do Centro Oeste de São Paulo, nos últimos dois meses a entrada do produto dobrou nos Estados Unidos. Por isso a retenção do suco brasileiro lá pode ser motivada mais pela preocupação comercial do que sanitária.
De acordo com o engenheiro agrônomo Frauzio Ruiz Sanches, o Brasil vem oferecendo um suco nos Estados Unidos com um custo muito mais barato do que o americano consegue produzir. “É uma questão de proteção do mercado americano, como eles não conseguiram encontrar outra forma de barrar essa entrada, eles estão usando desse artifício", diz.
Esta é a segunda má notícia que os citricultores recebem em menos de um ano. Em 2011, Itápolis, maior produtor de laranja do país, colheu mais de 360 milhões de caixas da fruta, 110 mil a mais do que em 2010. Mas tanta laranja no mercado derrubou os preços e as indústrias não pagaram o que queriam os produtores. Quem deixou para negociar na época da colheita teve que ver a fruta apodrecer no pé. As informações são do G1.

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