domingo, 15 de janeiro de 2012

Mundo: Comandante do navio que naufragou está preso na Itália

A empresa Costa Cruzeiros, proprietária do navio de cruzeiro Costa Concordia, que naufragou na sexta-feira (13) matando ao menos cinco pessoas, admitiu neste domingo que o comandante Francesco Schettino "cometeu erros de julgamento" e "não observou os procedimentos" para situações de emergência, segundo a agência de notícias France Presse.
"A justiça, com a qual a Costa Cruzeiros colabora, determinou a prisão do comandante, contra quem pesam graves acusações", destacou a companhia.
"Parece que o comandante cometeu erros de julgamento que tiveram graves consequências" e que "suas decisões na gestão da emergência ignoraram os procedimentos da Costa Cruzeiros, que seguem as normas internacionais", informou a empresa.
Enzo Russo/Efe
O comandante do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, foi detido em Grosseto, na Itália
O comandante do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, foi detido em Grosseto, na Itália


Schettino foi detido ontem. Ele é acusado de homicídio culposo (quando não há intenção) múltiplo, de ter provocado um naufrágio e de ter abandonado o navio quando ainda havia várias pessoas a serem salvas.
O procurador da região de Grosseto, Francesco Verusio, que investiga o caso, alega que o capitão realizou uma manobra "malfeita" ao se aproximar excessivamente da ilha. Teria ainda falhado em lançar um alerta de socorro.
Os mortos são um tripulante peruano, dois turistas franceses, um italiano e um espanhol --os corpos dos dois últimos foram encontrados hoje.
No comunicado, a "Costa Crociere" destaca que Schettino, que entrou na companhia em 2002, como responsável de segurança, foi promovido a comandante em 2006, após concluir com sucesso todos os cursos de formação.
A companhia afirma ainda que os membros da tripulação "realizam exercícios de evacuação a cada duas semanas" e que os "passageiros participam igualmente de um exercício" de abandono de navio logo após o embarque.



TRAJETÓRIA

O promotor de Grosseto, Francesco Verusio, confirmou neste domingo que o comandante Schettino abandonou o barco "muito antes de que todos os passageiros fossem retirados", e acrescentou que "a trajetória seguida pelo navio de cruzeiro não era boa".
Segundo a imprensa italiana, o comandante foi encontrado em terra às 23h40 (20h40 de Brasília), e os últimos passageiros só foram retirados por volta das 05h00 GMT (03h00 de Brasília).
Várias testemunhas e homens da Guarda Costeira disseram que o Costa Concordia navegava perto demais da costa da ilha de Giglio, situada diante do litoral do sul da Toscana.
Segundo alguns, o navio estava fazendo uma manobra chamada "l'inchino", "reverência" em italiano, para saudar os 800 moradores da ilha de Giglio.
O promotor Verusio afirma que o comandante "se aproximou de forma imprudente da ilha de Giglio, e o navio se chocou contra uma rocha que destruiu boa parte de seu lado esquerdo, fazendo a embarcação adernar e receber uma enorme quantidade de água em dois ou três minutos".


Filippo Monteforte/France Presse
O navio Costa Concordia, de 290 m de comprimento e 114.500 toneladas, naufragado na ilha de Giglio
O navio Costa Concordia, de 290 m de comprimento e 114.500 toneladas, naufragado na ilha de Giglio


COMO FOI

O navio levava 4.229 pessoas a bordo. O número de brasileiros no cruzeiro pode ser maior do que os 53 divulgados inicialmente pela operadora e repassados para o Itamaraty. O posto diplomático brasileiro em Roma informou ter atendido hoje outras três pessoas que não estavam na contagem inicial --elas constavam da lista americana. Com isso, o número deve subir para 56. A operadora Costa ficou de mandar até amanhã a listagem atualizada para o Itamaraty.
Segundo versões iniciais, o navio atingiu uma rocha por volta das 21h30 locais e começou a encher de água. O capitão tentou se aproximar da ilha, mas então o navio começou a virar.
Uma hipótese é que, devido a uma falha técnica, o navio tenha perdido os instrumentos de navegação, se desviado da rota e então colidido com a rocha.
A empresa Costa Cruzeiros disse que prestou socorro imediato. Porém, relatos dos passageiros contradizem essa informação.
Eles contam que jantavam quando ouviram um estrondo, mas foram orientados a continuarem sentados.
O comandante teria informado inicialmente que o navio havia tido problemas elétricos. Mas os turistas desconfiaram quando a embarcação começou a se inclinar, e os objetos, a cair das mesas.
Começou uma correria pelos salva-vidas, com pessoas tropeçando umas nas outras e caindo pelas escadas.
A rápida inclinação do navio acabou dificultando a saída dos botes, fazendo com que muitos simplesmente pulassem nas águas geladas.
Segundo os passageiros, um treinamento para situações de emergência não havia sido realizado e estava previsto para ontem.

RESGATADOS

Neste domingo, três sobreviventes foram resgatados de dentro da embarcação: um casal sul-coreano e o comissário-chefe do cruzeiro. Dois japoneses que desceram no último porto onde o Costa Concordia havia parado, em Santo Stefano, foram de ônibus com mais outros dois amigos, também do Japão, para Roma. Eles eram considerados desaparecidos, mas foram localizados em Roma.
Essa confusão com os japoneses pode explicar, em parte, a dificuldade da contagem do número de desaparecidos. A possibilidade que os passageiros têm de descer em portos diversos ao longo do percurso do cruzeiro --somada ao fato de que os passaportes podem estar perdidos dentro do navio-- impossibilita que as autoridades e companhia afirmem corretamente quantas pessoas continuam desaparecidas.
O Concordia fazia uma rota com duração de sete dias pelo mar Mediterrâneo, com escalas nas cidades de Savona (Itália), Marselha (França), Barcelona (Espanha), Palma de Mallorca (Espanha) e nas italianas Cagliari, Palermo e Civitavecchia.

Fonte: Reprodução da folha de São Pauloonline de 15.01.12

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