- © Oliver Berg/picture alliance via Getty Images Tim Berners-Lee conta com o apoio inicial de grandes empresas da tecnologia como Google, Facebook e Microsoft
- O criador da internet Tim Berners-Lee anunciou ontem (25) o Contrato para a Web, de sua ONG, a World Wide Web Foundation;
- O documento inclui uma série de boas práticas online a governos, indivíduos e companhias;
- Com ele, Berners-Lee e sua fundação esperam lutar contra cyberbullying, fake news e manipulações, entre outros problemas que surgiram com a internet.
A internet era para ser uma forma de utopia online, mas fake news, manipulação de eleições, bullying e outras problemas a transformaram em um pesadelo. Seu criador, Tim Berners-Lee, quer mudar isso.
Ontem (25), Berners-Lee revelou o “Contract for the Web” (que se traduz como “contrato para a rede”): um plano de ação criado por ele com a ajuda de cerca de 80 experts. O documento foca em melhorar a privacidade online, reduzir a ilegalidade digital e desencorajar falhas do governo na web, tudo isso enquanto garante que todos no planeta tenham acesso à internet.
A iniciativa tem o apoio de milhares de indivíduos e mais de 160 organizações, incluindo gigantes da tecnologia, como Facebook, Microsoft e Google; grupos sociais, como a Electronic Frontier Foundation, e alguns governos, como França, Alemanha e Gana.
O novo anúncio dá substância à proposta de Berners-Lee do ano passado, quando ele esboçou uma série de nove princípios que devem ser seguidos por governos, companhias e indivíduos. Um deles princípios pedia que governantes se certificassem de que todos têm acesso à internet e de que ela está disponível o tempo todo, enquanto outro pedia às companhias que respeitassem a privacidade de seus consumidores.
Desde então, a ONG de Berners-Lee, World Wide Web Foundation, tem trabalhado com governos e especialistas para criar 76 cláusulas e detalhar mais cada um dos nove princípios.
Líderes de grupos sociais envolvidos na iniciativa apostam que o plano de Berners-Lee ajudará transformar a internet em um lugar mais inclusivo. Em uma declaração em apoio ao anúncio do contrato, a Roya Mahboob, empreendedora de tecnologia e ativista do direito das mulheres no Afeganistão, disse que espera que o contrato remova barreiras significativas que impedem que mulheres tenham acesso a educação e abram seus próprios negócios online.
Outros envolvidos disseram que o documento não é a resolução de todos os problemas online. Adrian Lovett, presidente e CEO da World Wide Web Foundation, disse que a iniciativa é “só o começo” de um processo. “Precisamos de um movimento global para lutar pela internet que sirva toda a humanidade.”
Essa luta enfrentará uma série de problemas. De acordo com estatísticas da World Wide Web Foundation, mais de um terço das crianças entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos já experienciaram bullying online; histórias falsas alcançam um número significativo de pessoas seis vezes mais rápido do que histórias verdadeiras; e pelo menos uma em cada 45 democracias já distribuíram fake news ou manipularam notícias.
Ainda não é claro quanto suporte o contrato de Berners-Lee terá, até mesmo de organizações que originalmente o apoiaram. Grandes empresas de tecnologia se comprometeram com os princípios, mas não existe garantia de que elas atenderão aos pedidos do contrato que exigem, por exemplo, que os painéis centrais de controle sejam de livre acesso para consumidores.
Já no lado político, até mesmo os melhores políticos acham difícil resistir às fake news de seus oponentes no calor da batalha eleitoral. Parece não ser provável que governos que espalham propaganda online para afetar eleições vão parar com sua legião de trollls online.
Berners-Lee e seus apoiadores merecem crédito por criarem um mapa de melhores práticas para tirar a internet do caos. O difícil agora será fazer com que todas as sigam.
Fonte:Brasil Forbes - 27/11/2019
0 comentários:
Postar um comentário