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O dólar comercial teve nova alta frente ao real nesta terça-feira, 26, e fechou na sua maior cotação da história. A moeda americana subiu 0,6%, atingindo o patamar de 4,24 reais para a venda, tornando-se, assim, no valor mais elevado desde o início do Plano Real. O recorde anterior foi atingido ontem, no valor de 4,22 reais.
A escalada foi influenciada após o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer não estar preocupado com a alta e que “é bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo”. A fala de Guedes foi recebida com pessimismo pelos investidores.
De acordo com o Ministro da Economia, é preciso que o país se acostume com o patamar alto da moeda, que é uma consequência de uma mudança na política econômica brasileira, com juros mais baixos e câmbio de equilíbrio alto, ainda não compreendida pela maior parte da população. “O dólar está alto. Qual o problema? Zero. Nem inflação ele (dólar alto) está causando. Vamos exportar um pouco mais e importar um pouco menos”, afirmou o ministro nesta segunda em Washington.
Paulo Guedes também foi duramente criticado por dizer a jornalistas na coletiva de imprensa do evento que “não se assustem se alguém pedir o AI-5” diante do cenário político de polarização proposto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na manhã desta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que “há prós e contras” no fato de o dólar ter alcançado novo valor nominal recorde. “Se você for analisar na ponta da linha, tem vantagens, prós e contra no dólar a R$ 4,21 como está agora”, afirmou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. “Espero que caia (a cotação da moeda), torço, assim como torço para que caia a taxa Selic, torço para que aumente a nossa credibilidade junto ao mundo”, acrescentou.
Diante da crescente alta, o Banco Central anunciou leilão extra para vender a moeda americana à vista nesta terça-feira. A operação do BC ocorreu por volta das 11h e não foram divulgados os montantes ofertados. Conforme o BC, a taxa de corte do leilão foi de 4,2320 reais. Mais cedo, o BC promoveu operação de venda à vista de dólares e de swap cambial reverso, que equivale à venda de dólar no mercado futuro.
Logo após a ação do Banco Central, o dólar desacelerou para o patamar de 4,24 reais. Antes, tinha chegado à máxima de 4,2694 reais. Pouco tempo depois, a moeda voltou a subir. Às 13h05, a moeda era cotada a 4,2685 reais, com alta de 1,27%.
“O Banco Central deu um recado, vendo o que está acontecendo. Não é porque o Guedes falou que o dólar vai ficar alto que vai ficar por isso mesmo”, disse Jefferson Laatus, sócio e fundador do Grupo Laatus. “O BC mostrou estar disposto a usar as ferremantas disponíveis para controlar a volatilidade.”
“O mercado, depois da fala do Guedes, quer testar quais são os patamares que incomodam o Banco Central. E teve essa venda de dólares à vista, um recado do BC”, acrescentou.
Mas, segundo Laatus, o dólar pode recuperar o movimento exagerado de alta registrado pela manhã caso o BC não volte a atuar nesta terça-feira.
Fonte:Veja.com (Com Reuters) - 26/11/2019 -18h
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