Ana é Pedagoga foto:Divulgação/reprodução
Ana Verônica Bispo Santos, 53 anos, é a nova ocupante do trono de regência do Ilê Axé Opô Afonjá. Consagrada ao orixá Xangô, na qualidade Afonjá, o mesmo que rege o templo afro-religioso e para o qual foi iniciada a fundadora da comunidade religiosa, Mãe Eugênia Anna dos Santos - Mãe Aninha -, a Iyá Ana Verônica se torna a sexta líder religiosa do terreiro que faz parte do seleto grupo dos nove considerados patrimônios do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em seu primeiro pronunciamento, como a ialorixá que sucedeu o reinado de 42 anos de Mãe Stella de Azevedo Santos, filha de Oxóssi, Mãe Ana Verônica disse estar emocionada e ciente da sua responsabilidade. “Eu não esperava. Xangô Afonjá me deu essa graça”, disse.
Iniciada no Afonjá por Mãe Stella de Oxóssi, Mãe Ana Verônica de Xangô é pedagoga. Ela é de uma das mais tradicionais famílias ligadas às religiões afro-brasileiras: a Daniel de Paula, herdeira e mantenedora do legado de culto aos eguguns por meio do Ile Agboula, também reconhecido pelo Iphan como patrimônio brasileiro, pois é filha biológica do babalorixá Flaviano de Nanã.
Jogo
A escolha sucessória no Afonjá não é consaguínea e segue o resultado da consulta via o jogo de búzios, que, neste caso, foi presidido pelo babalorixá Balbino Daniel de Paula, conhecido pelo seu nome sagrado: Obaraín. Pai Balbino é filho do Afonjá. Foi iniciado por Mãe Senhora de Oxum, a terceira ialorixá da Casa.
Por volta das 10h30, após as etapas iniciais da consulta ao sistema de oráculo e uma ida com as altas autoridades do terreiro e outras visitantes à Casa de Xangô, Pai Balbino voltou ao barracão. Neste momento anunciou que a escolha havia recaído sobre uma filha de Xângô Afonjá. Enfim, a escolhida foi apontada para a alegria da comunidade. É a segunda vez, portanto, que uma filha do orixá, patrono da Casa, vai comandar o terreiro.
Ritos
A sucessão ocorreu após o encerramento dos ritos fúnebres devido à passagem de um ano da morte de Mãe Stella. A partir de agora, o Ilê Axé Opô Afonjá retoma sua rotina de obrigações, inclusive as públicas, como o amalá de Xangô às quartas-feiras e o calendário de festas. A Casa costuma iniciar seu calendário com a Festa de Oxóssi, no Dia de Corpus Christi que em 2020 será em 11 de junho.
O babalorixá antropólogo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vilson Caetano de Sousa Júnior, destacou a importância da manutenção do rito de escolha da nova ialorixá. “Diferentemente do conclave católico que escolhe o papa, nas comunidades de terreiro não é uma eleição ou aclamação, mas um rito que leva em consideração a escolha feita pelo orixá. Foi importante observar a alegria da comunidade com o que foi indicado ratificando a história dessa casa”, completou.
fonte:atardeonline - 31/12/19 -15h:32min.
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