quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Sociólogo Muniz Sodré diz que governo Bolsonaro é “descida aos infernos”


Foto: Tácio Moreira/Metropress

O sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Muniz Sodré criticou ontem o novo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, que negou a existência do racismo. Para o estudioso, a fala constitui “crime racial”, e cita uma procuradora que reforçou uma manifestação do PSOL contra a nomeação. "Essa procuradora está questionando a validade da nomeação para a Palmares de um indivíduo negro que diz que o racismo não existe no Brasil. isso é crime racial. Ele é indicado para uma fundação voltada para combater o racismo e diz que o racismo não existe. É uma atitude claramente racista. Portanto, é crime de racismo. Está previsto em lei", disse.
"É um abismo que se cava com os pés. Mas tem gente que está botando terra do lado e em frente. Estamos vivendo momento de insatisfação e de mal estar civilizatório. Mas as forças de resistência a isso estão aí", acrescentou, à rádio Metrópole.
O juiz federal substituto Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal de Sobral, suspendeu o ato de nomeação do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, alvo de críticas por declarações contrárias ao movimento negro. O magistrado atende pedido em ação civil pública contra União, que questionava os critérios de nomeação do jornalista ao cargo.
Muniz Sodré também avaliou que a gestão do presidente Jair Bolsonaro é como uma “descida aos infernos”. "Essa descida aos infernos participamos dela, indiretamente, quando votamos. Foi um voto no mal nas últimas eleições. Um voto na descida aos infernos e estamos vendo resultado disso", disse. "O louco não é aquele que não tem razão, é aquele que quer ter razão demais. Só que essa outra razão, que é excessiva, é a loucura. A razão é sempre um consenso entre as pessoas. quando a razão é absolutista, é desequilibradora, é potência destrutiva. Essa loucura como sistematização social com a destruição de instituições, essa loucura é perigosa. É o que estou chamando de descida aos infernos", explicou.
Na avaliação do sociólogo, Bolsonaro promove ataques às instituições. "Cada pessoa ataca aquilo que é nomeado com a missão de defender. O ministro da Educação. Não ataca os professores diretamente, ele ataca a própria educação. o encarregado da Cultura ataca a cultura. É diferente do regime militar, que cassava determinados professores que achavam que eram comunistas e subversivos. Eram determinados indivíduos. Agora não, é a prórpria instituição que é atacada", ponderou.

fonte:Tribuna da Bahia- 05/12/19

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