Clássico de Glauber Rocha foi um dos retirados | Foto: Divulgação
Após a guinada ideológica na política cultural do governo federal, mais de cem quadros com cartazes de filmes nacionais foram retirados das áreas comuns dos prédios da Agência Nacional do Cinema (Ancine), no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (29).
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, o material recolhido foi para um depósito. Ainda segundo a publicação, a limpa aconteceu não só nos meios físicos, mas também no site da Ancine, que antes expunha uma aba fixa imagens das novas produções brasileiras.
Segundo o jornal, os quadros estavam nas paredes da instituição desde 2002 e retratavam não apenas filmes mais atuais, como também alguns clássicos como “Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, e “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho.
Nas áreas internas de cada setor ainda restam alguns quadros nas paredes, mas uma TV que exibia trailers nacionais no saguão da entrada principal permanece desligada desde a sexta-feira (29).
O diretor de comunicação da Ancine, Érico Cazarré, justificou que a retirada ocorreu após reunião o presidente-interino do órgão, Alex Braga, em meados de novembro, sob alegação de que a agência decidiu priorizar sua área reguladora em relação à de fomento. “Havia muitos pedidos de divulgação, de festivais a eventos e palestras. Se eu fosse botar um filme, teria que ter todos. Depois, informações de distribuidores e produtores, e por aí vai. Por isonomia, optamos por não divulgar mais nada”, argumentou Cazarré, que negou que a decisão tenha ocorrido porque a instituição não queria divulgar filmes com temas combatidos pelo governo, como tem sido ventilado nas redes sociais. Segundo a Folha, nos corredores da Ancine, no entanto, é uma teoria discutida por alguns funcionários.
“Isso tem cheiro de censura”, avaliou Vera Zaverucha, ex-diretora da Ancine que, diante da situação, escreveu ao órgão para questionar a retirada dos quadros. Como resposta, a agência justificou que se deu “na compreensão de que diversos agentes econômicos estão à espera de um tratamento institucional isonômico, e (...) considerando a impossibilidade de contemplar as demandas específicas de cada um, a Ancine optou por interrupção das ações de divulgação constantes”. Para Zaverucha, no entanto, a iniciativa é “lamentável”.
fonte:Folhapress - 04/12/19
0 comentários:
Postar um comentário