A Polícia Federal (PF) traçou uma linha de investigação que aponta que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o Brasil de forma clandestina ainda em setembro, exatamente no mês em que a Corte concluiu o julgamento do núcleo crucial da tentativa de golpe de 2022.
Segundo apurações confirmadas com fontes da PF, Ramagem embarcou no Rio de Janeiro rumo a Boa Vista (RR) em 9 de setembro. Duas datas chamaram a atenção dos investigadores: no dia 11, ele já estava em Miami (EUA).
A PF trabalha com duas hipóteses para a saída do parlamentar: fronteira com a Venezuela ou com a Guiana, ambas acessíveis por estrada a partir de Boa Vista. O deslocamento terrestre teria ocorrido em um carro alugado, veículo que está sendo rastreado para reconstrução do trajeto.
A suspeita é que Ramagem tenha cruzado a fronteira sem registro migratório, em pontos conhecidos pelo fluxo constante de veículos e pouca fiscalização, onde a circulação entre os países pode ocorrer sem barreiras formais.
Esses trechos costumam ser usados por contrabandistas, garimpeiros, migrantes e grupos que tentam atravessar a região sem controle oficial.
Conexão familiar
A investigação também considera a presença estratégica da esposa do deputado no estado. Rebeca Teixeira Ramagem Rodrigues é procuradora concursada em Roraima desde 2015 e, embora atualmente esteja lotada em Brasília, mantém vínculo funcional com o estado.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RR) informou que ela seguiu normalmente no trabalho até 14 de novembro e entrou de férias em 17 de novembro de 2025 – período compatível com a viagem aos Estados Unidos.
Miami
Nesse domingo (23/11), Rebeca publicou nas redes sociais relatos sobre a fuga da família para Miami, afirmando ter agido para “proteger os filhos”.
No vídeo, as filhas do casal aparecem encontrando o deputado no aeroporto. As imagens sugerem que Ramagem deixou o Brasil antes da esposa e das crianças, que viajaram dias depois.
No mesmo post, Rebeca afirmou que a família seria alvo de “perseguição política desumana” e “lawfare”, repetindo a linha adotada desde a condenação do parlamentar.
Condenação de 16 anos
Ramagem foi condenado pelo STF por integrar o núcleo que articulou a ruptura institucional entre 2022 e 2023.
Segundo a Corte, ele participou da disseminação de informações falsas contra o sistema eleitoral e da estratégia jurídica que sustentou a tentativa de golpe.
Fonte:Mirelle Pinheiro/Metrópoles - 26/11/2025
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