A recente Operação Compliance Zero, que desvendou um esquema bilionário de fraudes e gestão temerária entre o Banco Master (Credcesta) e o BRB – Banco de Brasília, joga luz sobre a polêmica decisão tomada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) em 2021. Naquele ano, o então presidente do TJBA, desembargador Lourival Trindade, hoje já aposentado, homologou o Pregão Presencial nº 001/2021, removendo o Banco do Brasil da custódia de seus depósitos judiciais para entregá-la ao BRB, em uma operação rápida e contestada.
Elos
Os desdobramentos da Operação Compliance Zero demonstram que as fraudes financeiras entre o BRB e o Banco Master, que levaram à prisão dos executivos Daniel Vorcaro e Augusto Lima, têm um forte componente na Bahia.
A investigação da Polícia Federal aponta que o BRB transferiu R$ 16,7 bilhões para o grupo Master entre julho de 2024 e outubro de 2025. Desse total, R$ 12,2 bilhões foram transferidos em um curto período (janeiro a maio de 2025) por meio da suposta compra de carteiras de crédito insubsistentes.
O ponto que conecta diretamente o TJBA e a Bahia à fraude é o uso de associações de servidores para maquiar a origem do dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal (MPF) e o Banco Central, o Banco Master, ao informar inicialmente sobre as cessões de crédito, atribuiu a origem das operações a duas entidades do funcionalismo público baiano: a ASTEBA (Associação dos Servidores Técnico-Administrativos e Afins do Estado da Bahia) e a ASSEBA (Associação dos Servidores da Saúde e Afins da Administração Direta do Estado da Bahia).
Gestão fraudulenta
O documento aponta que a "vontade inicial do BRB sempre foi de emprestar dinheiro ao Banco Master, mas não pôde fazê-lo diretamente em virtude de limitações de exposição". O BRB usou a compra de carteiras fraudulentas como mecanismo para transferir o dinheiro.
Apesar das ressalvas e do monitoramento do Banco Central, o BRB continuou os repasses bilionários, o que levou a autoridade policial a indiciar dirigentes do BRB, incluindo o Presidente Paulo Henrique Bezerra Rodrigues Costa (que assinou o contrato com o TJBA em 2021), por indícios de gestão fraudulenta (Art. 4º da Lei nº 7.492/1986) em "conluio com os Diretores do Banco Master".
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