Prof. Clovis Filho - foto:divulgação/reprodução
Filósofo nada convencional, apesar de formado pela Sorbonne e professor da USP, Clóvis de Barros Filho
ganha a vida explicando filosofia de modo escrachado, nas salas de
aula, palestras, e agora também na literatura.
No dia 28, ele lança o
livro Somos Todos Canalhas, escrito a partir de diálogos com o professor
de Direito Júlio Pompeu, via Whatsapp. “Foi a forma mais rápida e
prática que encontramos de realizar nosso projeto. Ele gravava um áudio,
eu respondia com outro. Isso deu ao texto uma leveza, e por isso o
livro é bem fácil de ler. Apesar de ser papo de filósofo”, diz ele, que
define a obra como “um anti-manual de sobrevivência na selva social”.
Por que somos todos canalhas?
Claro que o título é uma provocação e um apelo para vender mais. Sou um
tirador de sarro. Ser canalha não é exatamente atributo de uma pessoa, é
uma conduta. Nós não somos canalhas, apenas agimos canalhamente. O que
significa desrespeitar e até agredir a convivência social em nome da
nossa mera comodidade. Quando estacionamos na vaga destinada a
deficientes, apenas por 30 minutos, temos consciência de que estamos
desrespeitando o direito do outro. Isso é agir canalhamente.
E você, age canalhamente?
Eu me atrevo a dizer que diariamente todos nós agimos, porque estamos sempre buscando comodidades.
A Internet contribui para a falta de ética?
A Internet tem um problema ético fundamental que é o anonimato. Mas
estamos vivendo em uma sociedade em busca de novos valores. Nunca se
falou tanto em ética, o que revela uma busca coletiva do aperfeiçoamento
da convivência. E o único jeito para esse aperfeiçoamento é uma
formação moral mais consistente. Mas precisamos discutir mais os
conceitos de conduta na família e na escola. Eu sempre digo que moral é
aquilo que você faria mesmo que fosse invisível.
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