O presidente americano, Donald Trump, anuncia novas restrições contra Teerã: 'eles estão praticamente falidos' - 19/09/2019 (Patrick Semansky/AP)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira, 20, sanções “do mais alto nível” contra a economia iraniana, como retaliações aos ataques a duas refinarias da petroleira saudita Aramco no último sábado 14. Os governos americano e da Arábia Saudita atribuem a agressão ao governo iraniano, que nega a ofensiva.
As novas restrições têm o objeto de estrangular ainda mais a economia iraniana, que já sofria com a mais diversa gama de sanções impostas pelos Estados Unidos desde a saída unilateral de Washington do acordo nuclear com o Irã em 2018.
Trump elencou o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Irã e o Banco Central como os principais alvos das retaliações. Segundo o presidente, essas foram as sanções mais pesadas que um país já sofreu.
“Vai para o inferno (a economia iraniana)”, disse. “Eles estão praticamente falidos … E agora cortamos todas as fontes de recursos do Irã”, celebrou na Casa Branca.
Em sua conta no twitter, o Departamento de Estado americano publicou um vídeo mostrando os efeitos corrosivos das sanções na economia iraniana — a inflação em 52% ao ano e a queda de 6% na taxa de crescimento do país. Na peça, o departamento justifica a “campanha de máxima pressão” para “fazer o Irã se comportar como um país normal”, pois o acusa de patrocinar grupos considerados terroristas, como a milícia e partido político libanês Hezbollah. O vídeo não detalha o impacto direto na vida dos 80 milhões de iranianos.
Na quarta-feira 18, Trump anunciou que aumentaria as sanções contra o Irã, porém sem dar detalhes da possíveis medidas a serem adotadas. O anúncio deu-se logo depois de o americano ter recebido o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.
Trump se reunirá nesta tarde com secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford, e o recém-empossado conselheiro de Segurança Nacional, Robert O’Brien. Deverão discutir respostas adicionais ao ataque supostamente deflagrado pelo Irã, incluindo o envio de mais tropas para a região do Oriente Médio e a retaliação armada, tendo como alvo empresas petrolíferas e instalações militares iranianas.
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que qualquer ataque contra o solo do país deflagaria uma “guerra total”, enquanto o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, tentou pacificar a situação declarando que preferia uma solução diplomática a uma militar. Antes, porém, Pompeo classificara o ataque contra os sauditas como “um ato de guerra”.
Os ataques contra as refinarias sauditas alavancaram os temores uma nova guerra no Oriente Médio. Desde a saída americana do acordo nuclear e a reimposição de sanções econômicas ao Irã, ocorreram ataques e apreensões de navios-petroleiros no Golfo Pérsico. Alguns foram reivindicados pela Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), como o navio britânico Stena Impero. Sobre outros, que foram sabotados, não há uma conclusão de quem teria sido o responsável.
Hezbollah
O grupo xiita libanês Hezbollah alertou a Arábia Saudita nesta sexta-feira que uma declaração de guerra contra o Irã “destruiria” o reino e sugeriu que Riad e os Emirados Árabes Unidos devam interromper o conflito no Iêmen para se protegerem. O Irã e o Hezbollah apoiam os rebeldes houthis, também xiitas.
O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, também afirmou que novas defesas aéreas sauditas não seriam suficientes para conter os mesmos drones utilizados nos ataques de 14 de setembro. “Não apostem em uma guerra contra o Irã, porque eles (os iranianos) vão destruir vocês”, advertiu Nasrallah em um discurso televisionado.
Nasrallah disse que os ataques às instalações da Aramco mostraram a força da aliança apoiada pelo Irã. Novas defesas aéreas “seriam muito caras e não servirão para nada”, afirmou. “O que protegerá as instalações e a infraestrutura na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos será a interrupção da guerra contra o povo iemenita.”
FONTE:VEJA (Com EFE e Reuters)
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