Imagem:divulgação/reprodução
Pais reclamam de conteúdo partidário em uma prova do 2º ano do ensino médio do Colégio Loyola, em Belo Horizonte, e escola anula exame. As reações foram por causa de textos do ator e escritor Gregório Duvivier e do cientista político Mathias Alencastro, ambos colunistas do jornal Folha de S. Paulo, com críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). Elas constavam em prova de Língua Portuguesa aplicada na última segunda-feira.
A anulação ocorre no mesmo momento em que a Câmara Municipal de Belo Horizonte vive dias agitados com a tramitação de projeto de lei conhecido como Escola sem Partido, que proíbe professores de dar opiniões e visões políticas em sala de aula. Entre os objetivos da proposta, está a “neutralidade política, ideológico e religiosa”, além do impedimento da instituição de ensino abordar questões sobre a orientação sexual.
A prova do Loyola não pedia que alunos opinassem sobre os textos, mas que respondessem a questões fechadas relacionadas à língua portuguesa. As reclamações dos pais de alunos, que viralizaram nos grupos de WhatsApp, recaem principalmente sobre o texto do ator e escritor Gregório Duvivier, assumidamente contrário ao governo Bolsonaro.
E escreve que, se estivesse tentando o concurso do Itamaraty e visse o presidente nomeando o filho embaixador, “talvez desse um tiro no coco”, em referência à indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-MG) para a Embaixada dos Estados Unidos. Já o texto de Mathias Alencastro abordou, em especial, a participação de Bolsonaro na Conferência da ONU e criticou a política ambiental do mandatário.No artigo que consta no teste de Língua Portuguesa, o autor aponta que o governo é um “gatilho poderoso para a depressão” e que o presidente “parece eleito pela indústria farmacêutica para vender antidepressivo”. Também afirma que “se tivesse votado nesse governo contra a corrupção estaria comprando um chicotinho da Opus Dei e passaria dias me mutilando em praça pública”.
Apartidarismo
Uma mãe, que pediu anonimato, para preservar o filho, escreveu uma carta à direção para demonstrar sua “indignação”. Nela, questiona o apartidarismo da instituição. “Se os alunos tiverem que ter contato com o âmbito político, que tenham a partir de várias fontes. Que tenha um escritor de direita também”, pondera. A mãe também critica a qualidade do texto escolhido para a prova de português. “Além de tudo, é um texto mal escrito, raso, com termos chulos e uma fala inadequada sobre suicídio justamente no Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio”, afirma.
Em comunicado endereçado às famílias, o diretor do colégio, Juliano Oliveira, informa que a avaliação foi anulada e que a escola está levantando informações sobre o contexto da aplicação do exame para tomar providências cabíveis. Também reafirmou o “posicionamento apartidário” na condução do processo educativo.
Segundo o informe, o trabalho da escola tem como diretriz o documento “Abordagem de Temas Transversais para formação integral inaciana na escola básica”. “Esse documento tem como objetivo nortear o trato adequado de conteúdos em sala de aula, resguardando a qualidade acadêmico-pedagógica para além de qualquer posicionamento político e/ou ideológico”, explica.
fonte: Em.com.br/MSN - 10/10/2019
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