"eu conseguir botar o Gil em primeiro lugar da lista viu" disse o ex-presidente do TJ-BA Gessivaldo Britto -foto:reprodução
Uma conversa interceptada pela Polícia Federal (PF) do âmbito da Operação Faroeste indica que ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Gesivaldo Britto, tinha a intenção de interferir na indicação do governador Rui Costa para o nome do desembargador que entraria na vaga do Quinto Constitucional.
Um relatório da PF obtido pelo BN mostra o diálogo do então presidente do TJ-BA com Sara Silva de Brito, desembargadora aposentada e com suposta influência no Partido dos Trabalhadores (PT) na Bahia. No diálogo, Gesivaldo afirma a Sara que conseguiu "botar Gil", em referência a Gildásio Rodrigues Alves, como um dos nomes da lista tríplice que seguiu para a escolha do governador.
"Conversa tida com Sara, Gesivaldo indicia pessoalizar o resultado do pleito quando declara 'Eu consegui botar Gil em primeiro lugar da lista, viu?, da OAB, cê sabe, né?',
denotando, a partir destas premissas, que a conversação adiante transcrita, poderia indiciar o cometimento de conduta indevida, na medida em que articulam providências que se demonstrem determinantes à escolha final do governador", diz trecho do relatório da Polícia Federal.
Durante a conversa com a desembargadora aposentada, Gesivaldo pede que ela entre em contato com Rui Costa para "garantir por Gil". Em seguida, Sara diz que não tem aproximação com o governador. Então Gesivaldo sugere que ela fale com o senador Jaques Wagner (PT), para que ele a coloque em contato com o governador Rui Costa. "Mas você fala que é Sara Brito, esposa de Pedro Milton. Eu falei com Wagner. Então, você ligue pra Wagner, Wagner vai lhe orientar nesse sentido", sugere Gesivaldo a Sara, que responde que "com Wagner eu tenho acesso, mas com Rui não".
O diálogo continua com Gesivaldo e Sara comentando sobre os nomes da lista tríplice, que além de Gildásio, era composta por José Aras e Marcelo Junqueira. Sara questiona: "E você acha que Gil tem mais chance que o Marcelo Junqueira?" e recebe como resposta de Gesivaldo: "Claro. O Marcelo Junqueira não tem chance nenhuma". Sara chega a questionar o parentesco de Junqueira com o atual secretário de Planejamento da Bahia (Seplan) Walter Pinheiro. "Mas ele não é genro de Pinheiro?". Depois Gesivaldo sugere que Pinheiro "tá descartado no governo".
No final do diálogo Sara pergunta por José Aras, primo do atual Procurador Geral da República (PGR) Augusto Aras, nomeado ao cargo em setembro de 2019 (lembre aqui). E a resposta do ex-presidente do TJ-BA foi de que "o [José] Aras não tem ninguém, assim, que conheça ele não, entendeu? Só o Augusto Aras, né?". Por fim, Sara comenta que "Augusto Aras não tem prestígio nenhum não".
O documento usa como base, inclusive, uma matéria do Bahia Notícias para demonstrar a escolha de Gildásio em primeiro lugar na lista tríplice (veja aqui). O escolhido pelo governador, contudo, foi José Aras, o segundo mais votado (saiba mais aqui).
fonte:BN/reprodução -04/02/2020
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