Na entrevista, Raymundo Paraná falou da recomendação do Ministério da Saúde para que as pessoas, na falta de máscaras cirúrgicas, improvisem com as de pano
Em tempos de pandemia da Covid-19 (novo coronavírus), alguns hospitais têm adotado espaços diferenciados para receber pacientes de baixa e alta complexidade. A preocupação é também em relação aos pacientes com outras doenças e que temem procurar as emergências com medo de uma possível infecção.
O diretor médico do Hospital Aliança, Raymundo Paraná, foi o convidado do programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM, nesta segunda-feira, 6. Entre outras coisas, ele falou da preocupação com o esvaziamento das unidades de saúde por causa do medo de pacientes pela contaminação do coronavírus.
“Os pacientes desapareceram de todos os hospitais. Eles estão padecendo em casa, atrasando procedimentos que deveriam ter sido realizados e se automedicando. Queremos demonstrar que podemos criar fluxos diferenciados para que suspeitos com Covid-19 não fiquem ao lado de pacientes sem suspeita. Isso dá segurança ao paciente e ao médico”, contou.
De acordo com Raymundo Paraná, muitos médicos precisaram suspender boa parte dos atendimentos nos consultórios, em função de pacientes que deixaram de comparecer e solicitavam remarcação. “Muitos desses pacientes têm recorrido às consultas via Whatsapp e telefone. Isso não é o ideal. Em algum momento eles (pacientes) vão ter que mudar a postura e retornar aos consultórios médicos. Estamos aplicando a telemedicina, desde que tenha uma plataforma que garanta sigilo e registro de todas as informações”, explicou.
Mudanças de protocolo
Na entrevista, Paraná falou, ainda, da recomendação do Ministério da Saúde para que as pessoas, na falta de máscaras cirúrgicas, improvisem com as de pano, mas que todos façam uso. “A utilização universal das máscaras se deveu pela observação de que, em alguns países que adotaram a medida, a curva de infecção foi mais controlada. A principal via de contaminação é pelas gotículas presentes na fala, mas principalmente na tosse”.
Ele avaliou que a recomendação pelo uso das máscaras de pano foi correta, porque, entre outras coisas, pretende fazer com que as máscaras cirúrgicas sejam reservadas para hospitais que já passam por dificuldade na aquisição destes materiais, os chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
“Devemos lutar para não ter desabastecimento de EPIs, porque a doença (Covid-19) tende a ser mais grave nos profissionais de saúde, que são infectados por uma carga viral maior. Nossa luta é garantir estes suprimentos”, avliou.
Ele fez um alerta para quem acha que o coronavírus afeta somente o sistema respiratório, com os relatos de episódios de falta de ar. “É uma doença traiçoeira, imprevisível. O vírus envolve outros órgãos, não somente o pulmão. Boa parte das mortes é por miocardite (inflamação no coração). Na França, por exemplo, foi observado que este é o caso em 16% dos pacientes. Também há registros de alterações no sistema nervoso central, tromboses e insuficiência renal”, revelou.
fonte:atardeonline - 06/04/2020 11h:51min.
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