A família de um paciente do Hospital Português denunciou a situação na qual Henrique Jorge Lyra, professor aposentado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) ficou internado nos últimos dias, em Salvador.
De acordo com a parceira do professor, Mariângela Nogueira, o paciente foi admitido no hospital no último sábado (9), onde ficou até a manhã desta quarta-feira (13), internado em uma sala que servia de passagem para um depósito onde são guardados medicamentos. No local filmado, há ainda pias e armários, que remetem a uma cozinha.
O relato contado pela acompanhante é a de que Henrique ficou noites sem conseguir dormir, devido à constante passagem dos profissionais de saúde plantonistas durante o turno da noite, conversando e rindo.
"Assim que chegamos no Hospital, na manhã do sábado, fomos bem atendidos, rapidamente, e levados para a unidade respiratória, onde demos entrada, a enfermeira nos encaminhou para exames, e ficamos, inicialmente, satisfeitos com o atendimento", conta.
O professor foi admitido com problemas respiratórios, e foi encaminhado para uma cadeira, onde permaneceu até às 19h30, aguardando uma vaga na emergência ou em um quarto. Mas antes, deveria esperar sair o resultado do teste de covid de Henrique, o qual os profissionais afirmaram, segundo Mariângela, que ficaria pronto em 30 minutos. Não foi o que aconteceu.
"O chefe de enfermagem me disse que estavam aguardando resultado do teste de covid, que eu pedi, e o plano de saúde disse que ele só poderia ir depois q saísse o resultado. Nisso, já tinha passado mais de uma hora", contou.
A situação só ficou digna de denúncia, para Mariângela, quando ela voltou, na manhã do dia seguinte, e Henrique havia sido transferido para a acomodação.Informações do Correio da Bahia em 14/04/2022
O vídeo, postado nas redes sociais, mostra um ambiente que consta com pias, onde Mariângela afirma que profissionais entravam para lavar as mãos, além de ter uma porta para o outro espaço.
"Quando eu voltei no outro dia, ele estava naquele lugar, sem ter dormido. Os profissionais passavam a noite toda, rindo, conversando, gargalhando, acendendo a luz. Foi quando tentei falar com a enfermeira do plano de saúde, o Planserv, para tentar transferir para outro hospital. Não me deram retorno", relata.
Mariângela contou ter telefonado três vezes para a Ouvidoria do Português, e nada foi resolvido. Até a manhã desta quarta, quando o paciente recebeu alta hospitalar, questionada pela acompanhante.
"À principio disseram q ele precisaria de medicação venosa por 5 dias, e a alta seria no início da noite de hoje. Ele teve uma boa evolução, mas só recebeu quatro aplicações", diz.
Procurado, o Hospital Português informou que o local onde o paciente foi abrigado tem caráter excepcional, uma vez que houve recusa de transferência para outra unidade. Mariângela negou a versão dada pelo estabelecimento, e afirma que isso não aconteceu.
"É mentira. Nós inclusive pedimos transferência, para outro Hospital. Quero que provem que isso aconteceu", diz.
Confira a nota na íntegra do Hospital:
"1. A situação citada refere-se a um paciente que excedeu a capacidade instalada do pronto atendimento e recusou a oferta de transferência para outra unidade de saúde.
2. Para assegurar a prestação do socorro, o paciente foi acolhido pela Instituição e acomodado em uma maca, tendo recebido os cuidados indispensáveis ao seu tratamento inadiável.
3. A Instituição ressalta que o local onde o paciente foi abrigado tem caráter excepcional, uma vez que houve recusa de transferência para outra unidade e a necessidade de aplicação de todos os cuidados terapêuticos indicados pela equipe técnica.
4. Por fim, a falta de acomodações hospitalares diante do aumento incontido da demanda, representa um esforço adicional da assistência para atender com segurança a necessidade sentida dos pacientes que recorrem ao Hospital em períodos críticos de disponibilidade de leitos".
O Planserv não deu um retorno até a publicação da reportagem.
*sob orientação da subeditora Carol Neves
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