Foto:reprodução/Fulvio Serafim
Acusados pelo assassinato da médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, o ex-prefeito da cidade de Catuji, em Minas Gerais, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, e o motorista dele, Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, seguem presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Colatina, no Espírito Santo, enquanto a investigação se aprofunda, revelando detalhes sórdidos do crime e do relacionamento.
Na decisão em que manteve os dois presos, o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga confirmou o feminicídio - principal linha de investigação da Polícia Civil sobre o caso - e revelou que a médica foi espancada cruelmente e asfixada antes de ser encontrada morta na manhã de sábado (2) em um hotel da cidade capixaba.
"Trata-se de crime de homicídio (feminicídio), perpetrado de maneira fria e desprezível, imputado ao marido da vítima e ao outro custodiado. Conforme laudo apresentado pelo SML, a vítima sofreu diversas (graves) lesões, sendo as causas da morte, hipoxemia, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico', diz o juiz.
Na cena do crime, a policia encontrou diversos medicamentos, entre eles, morfina, clonazepan, dormonid, jardiance, seringas, agulhas e na janela abaixo do quarto parte de um vidro do medicamento kentamina. Também foi encontrado um "pó branco" que foi encaminhado para análise.
Juliana e Fuvio eram casados e moravam na cidade mineira Teófilo Otoni, mas estavam hospedados no hotel em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo. No quarto ao lado, estava o motorista do casal.
A médica era a segunda esposa do ex-prefeito. A primeira, Zeliane Rodrigues Soares, morreu aos 29 anos no dia 30 de outubro de 2016, em um acidente de carro.
Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), Fuvio foi prefeito de Catuji por dois mandatos consecutivos. O primeiro, em 2012, recebeu 4.051 votos. No segundo, em 2016, 3.286. Ele é empresário e dono da empresa Yoguedes Laticínios.
Histórico de agressões
Advogado da família de Juliana, Siderson Vitorino afirma que a médica vivia uma rotina de agressões em um relacionamento abusivo com Serafim.
Segundo Vitorino, Juliana tentava se separar há cerca de três anos e chegou a compartilhar com uma amiga em abril deste ano uma foto em que aparece com a testa com pontos após ter sido vítima de suposta agressão do marido.
“Ela falava que discutiam muito e que queria separar e que ele não deixava. Uma amiga já vinha percebendo episódios que ela aparecia roxa, com machucados, até que ela mandou essa foto mas disse que não podia falar do que se tratava, mas a amiga desconfiou que eram agressões”, afirmou em entrevista a afiliada local da TV Globo.
O pai da médica, Samir Sagi El-Aouar confirmou a rotina de agressões.
"Ele já vinha batendo nela algumas vezes, dizendo que ela tinha caído dentro de casa, todo dia um olho roxo, uma cicatriz de sete centímetros na região frontal. Tudo isso já vinha acontecendo e ela querendo sair do casamento, e ele ameaçando para ela não sair, ele não aceitava a separação".
Segundo ele, a filha tinha viajado para o Espírito Santo para realizar uma consulta com um urologista.
"Nós estamos arrasados, pensar que uma filha, de 39 anos de idade, médica psiquiátrica, com o futuro todo pela frente, uma filha maravilhosa, um amor de pessoa, de repente, é submetida a uma tortura, porque o aconteceu com ela foi tortura durante a noite toda. Houve taumatismo cranioencefálico em dois locais da cabeça, machucou o estômago, a traqueia e o esôfago dela, enfim, minha filha foi torturada até a morte. Mais um feminicídio neste pais, que eu espero, que se Deus quiser, não vai ficar impune", desabafou em entrevista ao programa Encontro, da Globo.
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