terça-feira, 15 de julho de 2025

Tarifaço de Trump: Frigoríficos do MS pausam produção de carne aos EUA


                                      foto:reprodução


 (Folhapress) – Frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam a produção de carnes destinadas aos Estados Unidos após o anúncio de tarifa extra de 50% feito pelo presidente Donald Trump. A produção para o mercado nacional segue normal, e as empresas buscam mercados alternativos no exterior.

À Folha de S.Paulo o vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capucci, explicou que a medida foi tomada para evitar o acúmulo de estoques e que essa é uma tendência nacional, porque algumas das exportações devem chegar aos Estados Unidos somente em agosto, quando as tarifas já devem ser aplicadas pelo governo norte-americano.

“A maioria [de Mato Grosso do Sul], de fato, paralisou a produção destinada ao país, mas segue trabalhando e com atividades nos frigoríficos, já que existem outros mercados. Há quem está redirecionando para o mercado interno, para a China, para o Chile, para diversas nações possíveis”, disse, citando a Naturafrig, da qual é presidente, como um dos frigoríficos que decidiu agir dessa forma.

“Quem vai pagar o imposto, nesse caso, é o importador. E essas exportações chegam em agosto, quando a taxa estará vigente, o que faz com que tenhamos algumas sinalizações de que a importação ficará inviável”, complementou.

Frigoríficos de MS pausam produção de carne destinada aos EUA após tarifa de Trump

O governo de Mato Grosso do Sul foi procurado, assim como a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Na última sexta-feira (11), o presidente da entidade, Roberto Pedrosa, afirmou que as indústrias brasileiras já haviam decidido pausar temporariamente a produção destinada aos EUA.

“Houve uma redução significativa no fluxo de produção da carne específica voltada ao mercado norte-americano. O rearranjo está sendo feito com novos parceiros que buscamos intermediar ao redor do mundo, com possibilidades de novas aberturas de mercado”, afirmou.

China lidera compra de carne brasileira

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina do Brasil, só atrás da China. Atualmente, respondem por cerca de 14% da receita total brasileira do produto.

No primeiro semestre deste ano, as vendas para os EUA tiveram um aumento relevante, com a receita e o volume exportado mais que dobrando em relação ao mesmo período de 2024.

O volume total exportado até junho foi de 181.477 toneladas, uma alta de 112% sobre o resultado verificado no primeiro semestre do ano passado e que corresponde a cerca de um terço de todo o volume exportado pelo Brasil em 2024 para o mundo.

A receita total de exportações de carne bovina do Brasil para os EUA no período foi de US$ 1,04 bilhão, 102% acima do alcançado entre janeiro e junho de 2024, conforme dados da Abiec.

O preço médio praticado é de US$ 5.732 por tonelada. Uma tarifa adicional implicaria um custo extra de cerca de US$ 2.866 por tonelada, o que levaria o custo total para algo próximo de US$ 8.600 toneladas, um nível praticamente inviável frente à concorrência, segundo representantes do setor.

A Abiec declarou há uma semana que qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina.


Fonte: ICL NOTÍICAS - 15/07/2025

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