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Mais de 40 dias após afirmar ao Ministério Público do Rio de Janeiro que coordenava uma “desconcentração de remuneração” no gabinete de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabrício Queiroz ainda não entregou a lista dos funcionários informais que atuavam para o então deputado estadual e hoje senador.
Na petição entregue em 28 de fevereiro à Promotoria, a defesa de Queiroz havia informado que disponibilizaria nomes e endereços dos beneficiários “com o fito [objetivo] de comprovar todas as questões aduzidas”. Alvo de investigações cível e criminal por movimentação financeira atípica, o ex-assessor de Flávio disse por meio de sua defesa que recolhia parte do salário dos funcionários do gabinete para distribuir a outras pessoas que também trabalhavam para o então deputado estadual. Segundo ele, Flávio não tinha conhecimento da prática.
Embora tenha se comprometido a fornecer as informações sobre os “assessores de base”, como chamou, Queiroz não tem prazo nem sequer é obrigado a apresentar os nomes ao Ministério Público. A versão é vista com reservas por investigadores.
Único ex-assessor de Flávio a prestar depoimento presencial, o policial militar Agostinho Moraes da Silva não relatou a prática de “desconcentração de salários”. Silva disse aos promotores em janeiro que repassava quase dois terços de seu vencimento para investimento na compra e venda de carros que rendiam, segundo o relato, até 18% ao mês.
A versão de Queiroz sobre a contratação de assessores informais para Flávio teve como objetivo explicar a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta bancária entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 identificada pelo Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras).
Além do volume movimentado, chamou a atenção a forma de operação, com seguidos depósitos em dinheiro em espécie de altos valores e saques subsequentes. A entrada do dinheiro ocorria logo após as datas de pagamentos dos servidores da Assembleia, o que levantou a suspeita da prática da “rachadinha” —devolução de parte do salário do funcionário.
O Coaf também identificou transferência de ao menos dez funcionários do gabinete de Flávio para Queiroz, incluindo a filha e a mulher do PM aposentado. Todos foram intimados a depor no fim do ano passado e são alvo das investigações cíveis e criminais —incluindo mulher e a mãe do ex-PM Adriano da Nóbrega, foragido apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.
Os dois procedimentos são sigilosos, motivo pelo qual o Ministério Público não se pronuncia sobre seu andamento. A reportagem apurou que não foram feitas novas intimações para depoimento desde o ano passado. Os promotores ainda aguardam o levantamento de informações cadastrais de investigados para avaliar o andamento.
A defesa de Queiroz afirmou "que já prestou os esclarecimentos necessários e aguarda o momento processual adequado para se manifestar novamente". "A defesa de Fabrício Queiroz se surpreende que, por mais que existam 20 inquéritos instaurados, o único que desperta a curiosidade insaciável de parte da mídia é o seu, chegando a desprezar fatos muito mais relevantes, como por exemplo a movimentação de uma assessora de mais de R$ 50 milhões", afirmou, em nota, a defesa de Queiroz. O senador Flávio Bolsonaro disse que não iria comentar o caso.
fonte:Folhapress/BN c/adaptações
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