"Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a 

corrupção no Rio de Janeiro", declarou Crivella, ao chegar à Cidade da Polícia, no bairro do Jacarezinho, na zona norte do Rio, em rápida coletiva, pouco após as 6h30. Ele atribuiu a prisão a suposta "perseguição política" e disse esperar "justiça".

As prisões são desdobramento da Operação Hades. A investigação começou em 2018. Segundo o MP do Rio, Alves 

receberia propina de empresas para, em troca, facilitar a assinatura de contratos e o pagamento de dívidas no

 Executivo municipal. Ele é irmão de Marcelo Alves, que foi presidente da Riotur. Os desvios seriam operados por

 um suposto "QG da Propina".

Na campanha pela reeleição, sobretudo no segundo turno, Crivella teve no combate à corrupção uma de suas 

bandeiras prioritárias. Ele reafirmava que seu adversário Eduardo Paes (DEM), que o derrotou, iria para a cadeia, 

por corrupção durante seus dois mandatos na prefeitura, de 2009 a 2016.

"Eu já estive aqui em debates como esses, contra pessoas do grupo do Eduardo (Paes), como (os ex-governadores) 

Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. A eleição parecia a mesma, com campanha riquíssima, Ibope disparado, e eles

 ganharam a eleição. Mas, eu pergunto: ganharam mesmo? Não, eles foram presos. A mesma coisa vai acontecer 

agora. Eduardo Paes vai ser preso e digo isso com coração partido, porque ele cometeu os mesmos erros que Cabral

 e Pezão", afirmou Crivella em debate da Globo realizado em 27 de novembro.

Paes se manifestou após a prisão de Crivella, ainda no começo da manhã desta terça. Em uma publicação no Twitter, o prefeito eleito do Rio disse que conversou com o presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe (DEM), para que "mobilizasse os dirigentes municipais para continuar conduzindo suas obrigações e atendendo a população". O futuro mandatário também diz que o trabalho de transição deve continuar.

Com o afastamento de Crivella da prefeitura, o primeiro na linha sucessória é Jorge Felippe, uma vez que o vice na 

chapa vencedora em 2016, Fernando Mac Dowellfaleceu em 2018 vítima de um infarto.

Ainda sobre a eleição de 2020, Crivella teve o apoio do presidente Jair Bolsonaro. A aliança foi mais forte no primeiro

 turno, quando o prefeito, que concorria à reeleição, chegou a dedicar a imagens do presidente a maior parte de seu

 programa de televisão na campanha. No segundo turno, porém, Bolsonaro não gravou vídeo de apoio a Crivella,

 embora mencionasse o apoio. A aproximação foi marcada pela filiação do senador Flávio Bolsonaro e do vereador

 Carlos Bolsonaro ao Republicanos, partido de Crivella.

Reprodutor de vídeo de: YouTube (Política de PrivacidadeTermos)

Em setembro, a bancada do Psol na Câmara Municipal do Rio entrou com um pedido de impeachment contra 

Crivella  com base na Operação Hades. O pedido foi rejeitado pelos vereadores, por 24 votos a 20. Durante o

 mandato, Crivella foi alvo de cinco processos de afastamento, dos quais a abertura de quatro foram rejeitados.

FONTE: ESTADÃO - 22/12/2020 09h:32min.