O ex-sargento Max Guilherme Machado de Moura, assessor especial e segurança de Jair Bolsonaro, entrou na Justiça contra o estado do Rio de Janeiro, em 2009, reivindicando uma promoção por bravura por ter participado de um assassinato em uma favela, segundo ele, uma morte em confronto.
Policial Militar hoje na reserva, o segurança de Bolsonaro alegou no documento obtido pela coluna que sua participação no assassinato não foi reconhecida e que, por isso, deixou de ser promovido dentro da corporação.
Max Guilherme trabalha com Bolsonaro há oito anos e está sempre ao lado do presidente, tanto nas conversas no cercadinho em frente ao Planalto, quanto em viagens oficiais. O assessor acompanhou o presidente na última vez em que ele ficou internado e estava na segurança de Bolsonaro no episódio da facada.
O assassinato que Max Guilherme pede reconhecimento de participação ocorreu em 2006, quando ainda era sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), no morro do São Carlos, na região central do Rio de Janeiro.
Max Guilherme alegou que participou da operação que matou o traficante “Aritana” — chefe do tráfico no São Carlos na época — e que “por um equívoco” seu nome não foi colocado no registro de ocorrência, o que invisibilizou a ação do ex-PM na operação.
Segundo uma reportagem do jornal O Globo, o traficante “Aritana” foi morto, no dia 17 de março de 2006, aos 22 anos, com diversos tiros, por dez policiais. Após a morte do chefe do São Carlos, a PM controlou o morro por duas semanas.
O assessor de Bolsonaro só reivindicou a promoção por bravura na Justiça três anos após o assassinato de “Aritana”, em 2009, e alegou no processo que o não reconhecimento dele como um dos autores do crime causou prejuízos para a sua carreira.
“[Max Guilherme] Informa que tal equívoco prejudicou consideravelmente o ora autor, dada a relevância da promoção em sua carreira. Que, em virtude disso, manejou o requerimento administrativo para sua promoção por bravura, junto ao comando, mas mesmo assim, não obteve deferimento”, diz o documento.
Nesta época, o estado do Rio, que tinha Rosinha Garotinho como governadora, ainda concedia a “gratificação faroeste”, que premiava e promovia policiais por mortes em “atos de bravura”. As mortes por intervenção de agente de estado neste período chegaram a 3.276, segundo dados do Instituto de Segurança Pública.
A Justiça do Rio arquivou o processo de Max Guilherme contra o estado em junho de 2015 e decidiu que assessor de Bolsonaro não teve participação no crime para receber o mérito que pedia.
“Inexistem relatos de atitudes meritórias do ora autor, já que somente os acima citados tiveram atuações específicas e destacadas na missão, o que justificou a concessão do benefício, de acordo com a avaliação da instituição”, decidiu a juíza responsável pelo caso, Ana Cecilia Argueso Gomes de Almeida.
À coluna, Max Guilherme disse que “grande parte dos policiais da operação foi promovida por bravura”, menos ele, e por isso acionou a Justiça. Afirmou também que não pediu a autoria, mas sim sua promoção pela participação na operação que matou o traficante.
Fonte: Coluna Guilherme Amado/Metrópoles - 24/11/2021
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