O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar, nesta terça-feira (23/11), o seu ex-ministro Sergio Moro (Podemos). Segundo o chefe do Executivo, ao deixar o governo, o ex-juiz voltou a advogar “para empresas que praticamente quebraram por ações” da operação Lava Jato.
Durante entrevista à rádio Portal Correio, da Paraíba, Bolsonaro também declarou que não está preocupado com a candidatura de Moro à Presidência.
“Ele voltou à vida dele. Voltou a advogar para empresas que praticamente quebraram por ações deles. Mas tudo bem. É um direito de ele vir candidato. Mas como ele nunca conversou com ninguém, eu queria ver ele no carro de som, de ver como ele vai falar com a população. Não estou preocupado, não. O povo que escolha o que seja o melhor”, declarou Bolsonaro.
Em suas falas, o presidente tem considerado que Sergio Moro não terá força suficiente para ameaçá-lo, argumentando que seu ex-ministro não consegue convencer como um conservador de fato.~
Bolsonaro x Moro
Em novembro de 2018, Sergio Moro aceitou o convite de Bolsonaro, que tinha acabado de ser eleito presidente do Brasil, para ser ministro. Para isso, abandonou a magistratura após 22 anos de carreira para assumir o posto no primeiro escalão do governo e, consequentemente, deixou o comando da Operação Lava Jato no Paraná.
Quando deixou o comando do Ministério da Justiça, em 24 abril do ano passado, Moro acusou o presidente de interferência na Polícia Federal. A acusação resultou na abertura de um inquérito, no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar o caso.
A demissão do ex-ministro foi motivada pela exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF. Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF pelo próprio ministro. Quando o presidente pediu a troca na diretoria, o então ministro tentou intervir, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão.
No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro depôs à Polícia Federal no inquérito que apura suposta interferência na corporação por parte do chefe do Executivo. O objetivo, segundo Sergio Moro, seria beneficiar aliados e familiares próximos a Bolsonaro em eventuais investigações.
No depoimento, Bolsonaro disse que a troca na Diretoria-Geral da PF ocorreu por “falta de interlocução”. Como provas da denúncia, a defesa de Sergio Moro se embasa em mensagens trocadas com o presidente em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
No encontro com ministros, Bolsonaro reclamou que já teria tentado mexer na segurança e não conseguiu. A fala foi gravada e posteriormente liberada para divulgação pelo STF.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto-final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente na ocasião.
Fonte: Metrópoles - 23/11/2021 18h:16
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