Foto:reprodução/Mateus Bonomi/Anadolu via Getty Images
Copacabana, esta manhã, podendo se estender pelo início da tarde, assistirá a mais uma farsa encenada pela Companhia Nacional da Mentira, com Jair Bolsonaro no papel principal.
Governadores de estados, senadores e dezenas de deputados subirão ao palco para serem vistos por uma plateia que não pagará ingresso. As despesas correrão por conta de um pastor.
O espetáculo foi apresentado pela primeira vez na Avenida Paulista, no domingo 25 de fevereiro último, e atraiu muita gente, quase toda com a camisa amarela da Seleção Brasil.
O tema central foi “Bolsonaro é inocente”; inocente de todas as acusações que lhe fazem, do golpe que tentou dar ao roubo de joias, além da falsificação de atestados de vacinação.
Desta vez, a respeitar o script, o tema central será a defesa da liberdade de expressão, e o alvo preferencial, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Paulista, aconselhado por amigos, Bolsonaro evitou falar mal de Moraes, que considera seu maior algoz. Em Copacabana, se não lhe faltar coragem, é possível que fale.
Como a plateia é escolhida a dedo e estará ali para aplaudi-lo, diga o que ele disser ou cale, Bolsonaro poderá dar-se ao luxo de ser contraditório, defendendo o que na verdade abomina.
“A liberdade de expressão não é em primeiro lugar a minha, mas a do ‘outro’”, escreve o historiador português José Pacheco Pereira, ex-embaixador da Unesco.
Vai me dizer que Bolsonaro pensa assim? Pode pensar assim quem sempre defendeu a tortura e a ditadura militar de 64, que suprimiu a democracia por 21 anos a pretexto de salvá-la?
Se o golpe tentado por Bolsonaro tivesse dado certo, não haveria mais democracia nem liberdade de imprensa e de expressão; a de expressão seria restrita aos que o apoiassem.
Para Bolsonaro, o Brasil “está perto de uma ditadura”. A expressão foi usada por ele ao convocar seus seguidores para ouvi-lo em Copacabana. Bolsonaro sabe o que é uma ditadura.
E sabe que o Brasil está muito longe de ser uma. Mas como esperar que ele fale a verdade, algo que nunca lhe foi ensinado, e se foi, ele não aprendeu porque não quis?
A liberdade de expressão “do outro” é o que mais o incomoda, e o que em grande parte removeu-o do poder. Liberdade de expressão para ele é liberdade para manipular os fatos.
É o que fará em Copacabana e em qualquer outro lugar.
Fonte:BLOG DO NOBLAT/METROPOLES - 21/04/2024
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