Viralizou na última terça-feira (23) no X, antigo Twitter, uma denúncia contra o professor Neto da Nóbrega, que dá aulas de história no Colégio Jim Willson para alunos oriundos da elite de Fortaleza, capital do Ceará. De acordo com imagem produzida pelos alunos, o docente deu uma aula utilizando conteúdos da Brasil Paralelo, uma endinheirada produtora de extrema direita já famosa por promover revisionismo histórico.
A aula em questão versava sobre regimes totalitários do século XX e repetiu na íntegra, como é possível ver nas imagens abaixo, o proselitismo da produtora. Aos alunos, o professor Neto da Nóbrega ‘ensinou’ que entre as principais características do fascismo histórico, aquele verificado na Alemanha nazista e na Itália fascista, estaria uma substituição religiosa. Sairia o cristianismo e entraria o antigo paganismo europeu em seu lugar como crença hegemônica.
Pura bravata. Ainda que tenham existido correntes ocultistas entre os fascistas, sobretudo inspiradas pela obra de Julius Évola, o chamado “pai do tradicionalismo”, essas correntes nunca foram majoritárias.
Um livro para entender essa questão e relacioná-la à articulação da extrema direita atual chama-se “Guerra pela Eternidade” e foi escrito por Benjamin Teitelbaum, professor da Universidade do Colorado, nos EUA. Na obra, ele explora a influência de Évola sobre o fascismo histórico e realiza entrevistas com ícones fascistas da atualidade como Steve Bannon, Olavo de Carvalho e Aleksander Dugin.
Logo após a viralização da denúncia, o professor apagou o seu perfil no X. No Instagram e Facebook, ainda existem, mas estão fechados e só é possível ver suas postagens com a devida autorização. Ainda assim, na publicação da denúncia, alguns prints foram expostos e dão uma ideia de quem é o professor Neto da Nobrega.
“Todo militante de esquerda é um vagabundo disfarçado de defensor dos direitos humanos”, disse numa postagem.
Já em print de tela da sua conta no Instagram, é possível ver que ele se apresenta como cientista político, pós-graduado em Relações Internacionais, professor titular do Colégio Jim Willson e filiado ao Partido Novo.
Outro lado
A reportagem tentou contato diversas vezes com o Colégio Jim Willson pelos três números de telefone disponíveis no seu site e perfis de redes sociais, sem sucesso. Também tentamos contato via Instagram e não obtivemos resposta. Caso a instituição se manifeste, a matéria será atualizada.
Também tentamos localizar o professor Neto Nóbrega, mas ele apagou sua conta no X, antigo Twitter, depois que o caso viralizou. Encontramos seu Instagram, que está fechado, e um perfil no Facebook, por onde fizemos um pedido de esclarecimento. Não obtivemos resposta até a publicação da matéria. O espaço está aberto.
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