Foto: reprodução
No momento em que a reportagem da coluna Na Mira apurava a participação de carros superesportivos no “Racha de Milhões”, um motorista que estava organizando os pegas foi atropelado por uma BMW M6, em plena DF-001, na noite de quarta-feira (21/8). O impacto foi tão violento que o homem, um jovem que aparenta ter pouco mais de 20 anos, acabou lançado para cima e, em seguida, girou no ar. Em altíssima velocidade, o condutor só conseguiu frear cerca de 30 metros à frente.
A bordo da M6, avaliada em cerca de R$ 500 mil, estava o médico ortopedista Humberto de Carvalho Barbosa, de 50 anos. O servidor da Secretaria de Saúde, especialista em cirurgias de joelho, é conhecido por participar de rachas em vários pontos do DF. O médico atropelou o jovem quando todos acompanhavam o pega entre outras duas BMWs.
Durante as filmagens, a reportagem flagrou em áudio o momento em que a M6 atropela a vítima. É possível ouvir o estrondo quando o veículo de luxo atinge o homem, que estava na pista filmando o racha que havia acabado de começar. Após cair no chão, ele se desespera e chega a suplicar aos amigos que acionem os serviços de emergência. Em estado de choque, a vítima, que também havia participado de um dos rachas guiando uma BMW coupé preta, não conseguia mover a perna direita.
“Eu sou médico”
Quando ouviu os pedidos da vítima para acionar o socorro, Humberto de Carvalho Barbosa se aproximou e ordenou que ninguém ligasse para o Corpo de Bombeiros ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Eu sou médico e vou resolver”, disse o motorista da M6. Ele chegou a questionar o colega acidentado, falando que ele “estava no meio da pista”. Contrariando todas as orientações para nunca movimentar uma pessoa atropelada sem o devido protocolo, o médico resolveu tirar a vítima do local do crime.
Com a ajuda de outros racheiros, o médico acomodou a vítima no banco traseiro da BMW. Antes, Barbosa chegou a perguntar se o homem “tinha convênio”. Diante da negativa, decidiu levar o atropelado para o Hospital de Base. O médico contou com a ajuda de uma mulher que assistia aos rachas e resolveu seguir no carro. Em outro veículo, a reportagem seguiu a M6 até a emergência da unidade.
Após estacionar a BMW, que sofreu avarias no para-lamas e no retrovisor, o médico e a mulher ajudaram o homem atropelado a entrar no hospital. No entanto, a coluna não conseguiu identificar a entrada formal da vítima na unidade. Não houve abertura de prontuário ou qualquer procedimento formal no Hospital de Base que apontasse o atendimento do homem atropelado pelo médico.
Rachas continuaram
Mesmo após um dos integrantes do grupo ser brutalmente atropelado ao ponto de perder o movimento de uma das penas, os pegas permaneceram rolando na DF-001, próximo à Papuda. No escuro e sem sinalização, os carrões permaneceram sendo alinhados na rodovia e arrancando em alta velocidade durante as competições. Logo depois, alguns corredores ainda retornaram ao posto de combustível para comentar sobre o acidente.
Após atropelar o homem durante o racha e deixá-lo no Hospital de Base, o médico passou por alguns locais até estacionar em um prédio no Sudoeste. Nas redes sociais e em grupos de WhatsApp formados por corredores clandestinos, há vídeos do servidor da Secretaria de Saúde a bordo da M6 participando de pegas em outros pontos do DF e fazendo arrancadas em vias públicas em plena luz do dia.
Após os flagras feitos pela coluna, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu investigação para apurar todos os detalhes do atropelamento e das corridas ilegais na rodovia.
Fonte: Mirelle Pinheiro,Carlos Carone,Vinícius Schmidt, Igo Estrela/Metrópoles - 26/08/2024
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