segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Trama golpsita: Em entrevista a jornal americano, Moraes diz que não vai recuar


                                                  foto:reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, divulgada nesta segunda-feira (18). Moraes afirmou que não pretende recuar em suas decisões sobre o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Moraes, ao jornal dos Estados Unidos, afirmou que “não existe a menor possibilidade de recuar nem milímetro sequer”, apesar das sanções impostas contra ele pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”, disse Moraes.

Moraes contou que estava assistindo a um jogo do Corinthians quando o celular dele começou a apitar com várias mensagens: Jair Bolsonaro havia descumprido a ordem de não usar as redes sociais. Ele agiu imediatamente, decretando a prisão domiciliar do ex-presidente, que será julgado nas próximas semanas por tentativa de golpe de Estado.

“Eu entendo que, para a cultura norte-americana, é mais difícil entender a fragilidade da democracia, porque nunca houve um golpe lá. Mas o Brasil teve anos de ditadura sob [o presidente Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inumeráveis tentativas de golpe. Quando você é mais atingido por uma doença, você desenvolve anticorpos mais fortes e procura uma vacina preventiva”, destacou o ministro ao jornal, que o descreveu como “o juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”.

Alexandre de Moraes

Alexandre de Moraes foi sancionado pela Casa Branca com a Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros. O governo norte-americano alegou que o ministro do STF promove uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, apesar da ação penal ocorrer conforme os trâmites tradicionais da Justiça brasileira.

Ele também foi alvo de críticas de integrantes do alto escalão do governo Trump e do próprio republicano.

Segundo o governo americano, com a decisão, todos os eventuais bens de Alexandre de Moraes nos EUA estão bloqueados, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ele. O ministro também não pode realizar transações com cidadãos e empresas dos EUA.

“É agradável passar por isso? Claro que não é agradável. Todo constitucionalista tem grande admiração pelos Estados Unidos”, disse Moraes sobre as sanções.

Câmara de Limeira (SP) declara Alexandre de Moraes como 'persona non grata'

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes (Foto: Victor Piemonte/STF)

O governo dos Estados Unidos impôs uma tarifa de 50% a produtos brasileiros importados em território americano. Filho do ex-presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está nos EUA desde fevereiro, e se diz responsável pela interlocução com o governo Trump que resultou nas sanções.

“Essas narrativas falsas acabaram envenenando a relação [entre Brasil e EUA] — narrativas falsas apoiadas por desinformação espalhada nas redes sociais. Então o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas”, reagiu o ministro.

Julgamento no STF

Na última semana, a Primeira Turma do STF marcou o julgamento do núcleo crucial da trama golpista, do qual participa o ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso será julgado entre 2 e 12 de setembro, conforme agenda divulgada pela Corte.

Na entrevista, Moraes citou o julgamento e foi chamado pelo jornal norte-americano de “xerife da democracia”.

O Washington Post também afirmou que os “decretos expansivos” do ministro reverberaram no mundo inteiro, em menção às sanções impostas a redes sociais, como o X, de Elon Musk.


Fonte: ICL NOTÍCIAS 18/08/2025


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