sexta-feira, 12 de março de 2010

Mundo: Britânico diz que foi torturado no Iraque

O especialista em informática britânico Peter Moore, 36, revelou em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal "The Times" que foi torturado durante os mais de dois anos e meio que passou em cativeiro no Iraque. Morre conta ainda que passou por várias simulações de execução.
Moore foi sequestrado pouco tempo depois de chegar a Bagdá, capital do Iraque, em maio de 2007, junto aos guarda-costas de um edifício do Ministério de Finanças do Iraque. O grupo de criminosas contava com 50 homens vestidos com o uniforme das forças de segurança do país que viajavam em viaturas da polícia. Ele libertado em dezembro do ano passado.
Seus raptores estavam convencidos de que ele era membro da inteligência britânica e o questionaram por horas em busca de informação militar, conta Moore.
Três de seus guarda-costas foram mortos pelos sequestradores e o quarto desapareceu.
Moore disse ter passado por várias execuções simuladas, sob risos dos sequestradores, nos dois anos em que viveu em quartos sujos e vigiado por um grupo rotativo de insurgentes.
Ele conta ainda que, de tempos em tempos, era forçado a passar semanas deitado em um colchão, sentando apenas para comer e levantando apenas para ir ao banheiro.
Outras vezes, ele era acorrentado pelo tornozelo a uma grade na janela, algemado e vendado.
"Uma vez, eles me algemaram com as mãos nas costas, me colocaram em uma cadeira perto da porta, puseram minhas mãos no alto da porta, apoiado pelas algemas, e chutaram a cadeira. Foi muito doloroso", disse.
Em outra ocasião, uma pessoa apontou uma arma em sua cabeça e apertou o gatilho, enquanto outra disparava simultaneamente uma arma carregada.
"No primeiro momento pensei que estava morto, e a morte não era tão dolorosa como imaginava. Mas imediatamente entendi o que se passava, me dei conta de que seguia com as mãos amarradas e com os olhos vendados, e que as pessoas ao redor de mim riam", lembra Moore.
O britânico nega, contudo, as informações publicadas na imprensa de que ele teria sido imediatamente levado ao Irã como parte de um complô idealizado pela Guarda Revolucionária iraniana. "Ouvimos a passagem de um trem e muitas explosões de morteiros. Não era o Irã, de forma alguma", afirma.
Enquanto estava no cativeiro, Moore tentou conquistar simpatia dos sequestradores ao inventar que era casado com uma brasileira, Emma de Souza, doutora especialista em malária. Ele também fingiu ser católico.
O ex-refém acusa ainda o governo iraquiano de cumplicidade em seu sequestro. Segundo ele, pessoas dos Ministérios do Interior e de Finanças do Iraque deviam estar no grupo, devido à complexidade da operação.
"Eles eram resistência iraquiana. Eles tinham representação no governo", disse.
Durante todo o cativeiro, os sequestradores deixaram claro que queriam trocar cinco reféns britânicos por vários de seus dirigentes de seu grupo --A Liga dos Justos-- detidos pelas forças do Reino Unido no Iraque e que estavam sob controle dos americanos.
Vários dos líderes do grupo estavam entre os grupos de prisioneiros iraquianos libertados de prisões americanas e, eventualmente, em dezembro do ano passado, Moore foi levado a um local combinado com um político iraquiano para sua libertação.
Ele disse que não acreditou em sua soltura até que foi levado à Embaixada do Reino Unido no Iraque e só se sentiu seguro quando voltou ao Reino Unido.



Fonte:Folhaconline c/ Reuters e Efe
Foto:Folhaonline

0 comentários:

Postar um comentário