Ocupação da Reitoria por alunos e greve de funcionários
paralisam a Universidade Gama Filho, em Piedade - Foto:
Alexandre Brum / Agência O Dia
Rio - As provas dos vestibulares da Universidade Gama Filho e UniverCidade,
marcadas para a próxima semana - segunda e terça-feira-, foram suspensas nesta
sexta-feira após o Ministério da Educação proibir as instituições de abrirem
novas vagas para os cursos de graduação e pós-graduação. A decisão foi tomada
porque o grupo Galileo Educacional — administrador das instituições — descumpriu
acordo e atrasou o pagamento de professores e funcionários administrativo. O MEC
também suspendeu a admissão por transferência de novos alunos.
Numa crise financeira que ultrapassa os R$ 900 milhões em dívidas, a Galileo
culpou o aumento da inadimplência nas mensalidades como causa do atraso do
pagamento dos salários referentes ao mês junho e mais as parcelas dos
vencimentos atrasados — entre elas, a referente às férias de 2011. No acordo com
o MEC, a empresa parcelou os salários de janeiro até maio dos professores e
prometeu começar a quitá-los a partir do dia 31 de julho. Mas não seguiu o
cronograma.
“Lamentamos ter chegado ao ponto de precisar atrasar os salários,
mas isso aconteceu devido a uma inesperada alta taxa de inadimplência ocorrida
em junho deste ano, quando 40% dos alunos atrasaram o pagamento de suas
mensalidades. Isso desequilibrou ainda mais o nosso fluxo de caixa e atrapalhou
o processo de recuperação em curso”, justificou Alex Porto, presidente do grupo
Galileo.
A empresa não fixou uma data para colocar em dia os pagamentos dos
funcionários e docentes e avisou que os vestibulandos podem ser ressarcidos da
taxa de inscrição ou aguardar a nova data das provas, que deverá ocorrer após o
fim das negociações com o MEC. As provas da Gama Filho, programadas para ontem e
hoje, também foram adiadas para a próxima semana, por causa da greve dos
funcionários administrativos.
As duas universidades têm 20mil alunos matriculados em seus cursos. A Galileo
Educacional diz que os problemas financeiros das faculdades são anteriores à
chegada do grupo, em dezembro do ano passado, e que faz uma reestruturação
financeira e acadêmica nas instituições. Entre as elas, a inauguração na próxima
semana de um hospital na Barra para atender ao curso de Medicina — considerado a
vitrine da Gama Filho.
Medida atinge os cursos a distância
A suspensão da entrada de novos alunos foi publicada ontem no Diário Oficial
da União e vale inclusive para os cursos a distância. A determinação vai vigorar
até as faculdades comprovar, por meio de documentos, a retomada dos ajustes
financeiros.
Segundo a Galileo, a administradora enviou um plano de aporte financeiro ao
MEC e deve solucionar os atrasos no pagamento até setembro e resolver todas as
pendências acadêmicas até o final do ano.
Abandono de cursos cresce
A punição à Gama Filho e UniverCidade não pegou alunos e professores de
surpresa. Eles acompanham, há dois anos, o desenrolar de idas e vindas nas mesas
de negociações sem um final feliz.
O reflexo da crise é visto pelos professores da Gama Filho nas salas de aula:
a cada semestre, encolhe o número de estudantes. Em alguns cursos de graduação,
a redução chega a 50%.
Acampados na sala da reitoria, um grupo de alunos de Medicina vê como solução
para os problemas a saída da Galileo da administração das
universidades.
0 comentários:
Postar um comentário