foto: Andreza Ancelote/AFP/reprodução
O chanceler José Serra (PSDB-SP) entregou nesta quarta-feira (22)
carta pedindo demissão do Ministério de Relações Exteriores. A
informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto. O ministro alegou
problemas de saúde para pedir a exoneração do cargo.
Em carta divulgada pelo governo, Serra, 74, afirma que pede demissão "em razão de problemas de saúde que são do conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler."
Serra entregou a carta pessoalmente a Temer, no Palácio do Planalto.
Ele afirma que "segundo os médicos, o tempo para restabelecimento
adequado é de pelo menos quatro meses." Não há detalhes sobre a doença
do ex-ministro. Mas no fim de dezembro, Serra foi submetido a uma
cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical.
O ex-ministro, que é do PSDB, informou ainda que retorna ao Congresso,
onde afirma que honrará seu mandato de senador "trabalhando pela
aprovação de projetos que visem a recuperação da economia,
desenvolvimento social e a consolidação democrática do Brasil".
Além de senador, Serra já foi prefeito de São Paulo e governador do Estado e candidato à Presidência da República duas vezes. Em 2012, concorreu à Prefeitura de São Paulo, mas foi derrotado por Fernando Haddad (PT-SP).
Com a saída de Serra do
Ministério de Relações Exteriores, o PSDB fica com três ministros no
governo do presidente Michel Temer: Bruno Araújo, na pasta de Cidades;
Antonio Imbassahy, que ocupa a Secretaria de Governo; e Luislinda
Valois, ministra dos Direitos Humanos. Além de Serra, o partido perdeu
ainda o Ministério da Justiça, com a nomeação de Alexandre de
Moraes para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo uma fonte
do governo, Serra planejava indicar o atual embaixador em Washington,
Sérgio Amaral, para assumir seu lugar. Também estariam no páreo o atual
secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, e Rubens Barbosa, que já
tinha sido cogitado no início do governo. Há relatos ainda de
que Aloysio Nunes e José Aníbal, ambos do PSDB, também são citados como
favoritos ao cargo.
Atuação como chanceler
A gestão de Serra à frente da diplomacia brasileira foi marcada pelas críticas ao governo venezuelano, considerado por ele "sem esperança" de relação com o Brasil sob governo do presidente Nicolás Maduro. Os dois países convocaram seus embaixadores para consultas após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Em julho, Serra também disse que não queria nem pensar na hipótese de Trump ser o novo presidente americano. Em entrevista ao programa "Canal Livre", da TV Bandeirantes,
Serra disse que não queria sofrer por "antecipação" pensando na vitória
do magnata norte-americano e que, caso ele fosse eleito, teria de "ver,
pragmaticamente, o que fazer". Após a vitória do magnata, o
ex-chanceler disse que "Treino é treino, jogo é jogo. O treino é a
campanha. O jogo começa agora", em referência à vitória do republicano.
Serra ainda representou o Brasil no funeral do ex-presidente cubano Fidel Castro em Havana e na homenagem que o Atlético Nacional fez à Chapecoense em Medellín, na Colômbia. Na ocasião, o ex-chanceler fez um discurso emocionado.
"De coração, muito obrigado. Os brasileiros não esqueceremos a forma
como os colombianos sentiram como seu o terrível desastre que
interrompeu o sonho da equipe da Chapecoense, uma espécie de conto de
fadas com final de tragédia", afirmou o chanceler, que chorou.
Citado na Lava Jato
Mesmo após pedir demissão do ministério, Serra mantém a prerrogativa de ser julgado pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) caso venha a responder a inquéritos na
operação Lava Jato, em que é citado por delatores. Isso porque, ao
deixar o Executivo, Serra reassume sua cadeira no Senado.
Serra é um dos citados nas delações da construtora Odebrecht. O senador
estaria ligado a um esquema de caixa dois em sua campanha presidencial
no ano de 2010.
Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do ex-ministro recebeu R$ 23 milhões em doações ilícitas.
Os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e
parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no
exterior. Oficialmente, a Odebrecht doou apenas R$ 2,4 milhões para a
campanha de Serra.
Segundo os depoimentos de executivos da
Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a
direção nacional do PSDB à época, que, depois, teria distribuído parte
do dinheiro entre outras candidaturas. A empresa afirmou ainda que parte
do dinheiro foi transferida por meio de uma conta na Suíça.
Sobre a acusação da Odebrecht, Serra disse, na época em que o fato foi
divulgado, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da
República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em
vigor. O tucano afirmou também que as finanças de sua disputa pelo
Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB, e que
ninguém foi autorizado a falar em seu nome.
fonte: site uol
0 comentários:
Postar um comentário