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Na cidade de Katowice, na Polônia, começa neste domingo(2) a COP-24 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), na qual a ONU (Organização das Nações Unidas) inicia suas negociações anuais com o Brasil e mais 195 países-membros para avançar nas normas que vão tirar do papel o chamado Acordo de Paris.
A reunião se estende até 14 de dezembro.
O Acordo de Paris, fechado pela comunidade internacional em dezembro de 2015, vigora desde novembro de 2016. O pacto busca manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, se possível em até 1,5°C.
Cada país apresentou sua meta de corte de emissões, a chamada NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a meta do Brasil é de reduzir 37% das emissões até 2025, com indicativo de cortar 43% até 2030, ambos em comparação a 2005.
Entre as negociações com os países, a ONU pretende aprofundar a questão dos financiamentos de ações climáticas, considerando a meta de doação de pelo menos US$ 100 bilhões por ano de países desenvolvidos para as nações de menor renda.
A organização também quer estimular os países a desenvolver planos para dar início ao cumprimento das metas do Acordo de Paris a partir de 2020.
Os Estados Unidos saíram do acordo. O rompimento foi reiterado no comunicado de conclusão da reunião da Cúpula do G20.
PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA
A delegação do governo brasileiro é representada por membros do Itamaraty e do Ministério do Meio Ambiente, entre outros órgãos do governo federal, da academia e da sociedade civil.
Segundo o secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Thiago Mendes, o Brasil deve se destacar no chamado Diálogo de Talanoa, momento em que os países compartilham diferentes experiências e esforços empreendidos para contenção das emissões de gás carbônico.
O secretário disse que foram realizadas 7 rodadas deste tipo de diálogo no Brasil, nas quais foram encontradas 130 iniciativas que promovem baixas emissões de CO2 do setor privado e da sociedade civil, em todas as regiões do país.
Deste total, o MMA escolheu 42 projetos que serão apresentados pelo ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, no final do Dialogo de Talanoa global, durante a COP-24.
BOLSONARO E ACORDO DE PARIS
Para o coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis, o Brasil terá uma participação mais tímida este ano, devido ao cenário político interno e à retirada da candidatura do país para sediar a COP-25, que será realizada de 11 a 22 de novembro de 2019.
O Brasil desistiu da candidatura na última 3ª feira (27.nov.2018) por questões de restrições fiscais e orçamentárias, além do processo de gastos com o processo de transição para o governo de Jair Bolsonaro, que se inicia em 2019.
Já na 4ª feira (28.nov.2018), o presidente eleito disse que fez a recomendação para que o Brasil não sediasse a reunião também devido aos gastos, mas afirmou que atribuiu a decisão à discussão em torno de Triplo A (Andes, Amazônia e Atlântico), que poderia estar incluído no Acordo de Paris. O triplo é 1 projeto de corredor de preservação. A medida é defendida por alguns ambientalistas e afetaria o Brasil, já que parte do território está em solo brasileiro.
“Está em jogo o Triplo A”, disse. “Poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área. Quero deixar claro que se, isso for o contrapeso, nós com toda a certeza temos uma posição que pode contrariar muita gente”, completou.
Após a justificativa de Bolsonaro, o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Ritti, afirmou à Rádio CBN na noite de 4ª feira (28.nov) que o Acordo de Paris não tem nenhuma relação com o chamado Corredor Triplo A (Andes, Amazônia e Atlântico).
Para Alfredo Sirkis, a desistência do Brasil de sediar a COP-2 pode fazer com que o país perca o papel de articulador que construiu ao longo dos últimos anos. Segundo ele, a delegação brasileira estará em situação difícil pela 1ª vez na história, desde 1992, quando sediou a Rio 92.
“A delegação brasileira vai estar profundamente constrangida e inibida com a situação. E o Brasil que sempre foi vanguarda nos processos negociadores, sempre teve 1 grande papel de articulação dos outros países, possivelmente será o mais discreto possível”, disse à Agência Brasil.
Para Sirkis, o Brasil tinha condições financeiras de realizar a COP-25 e poderia recuperar grande parte das despesas pela movimentação turística de 30 mil pessoas que participariam do evento no país. “Ou seja, não havia uma equação econômica que justificasse a não realização da COP. O problema foi essencialmente de natureza política”, afirmou.
Para o secretário de Mudança do Clima do MMA, Thiago Mendes, o Brasil tem ainda condições de manter sua influência. Contudo, ele reconhece que há uma preocupação sobre o impacto de intenções de não cumprimento do Acordo de Paris possa ter sobre outros países, principalmente desenvolvidos.
“Eu não acredito que nossa participação vá ser alterada, porque historicamente o Brasil sempre teve uma delegação com 1 nível de qualificação muito forte e alto. Isso não mudou. O que há é uma ausência de liderança dos países desenvolvidos. Com o posicionamento da administração Trump, você tem uma sinalização para outros países desenvolvidos seguirem o mesmo caminho [de sair do Acordo de Paris]”, disse.
Com a desistência do Brasil, a Guatemala se ofereceu para sediar a conferência. Chile e a Costa Rica também se candidataram.
CIDADE DE KATOWICE
Durante os 12 dias de reunião, a pequena cidade de Katowice, que tem aproximadamente 300 mil habitantes, deve receber cerca de 11 mil delegados de vários países. A cidade tem mais de 150 anos e tradicionalmente é associada à exploração de carvão e à indústria pesada.
Nos últimos anos, a área de mineração de carvão, principal base energética da Polônia, foi revitalizada na cidade, que tem se tornado referência por adotar novas tecnologias, modernizar o setor de negócios e atrair investimentos sustentáveis.
Katowice tem se destacado nos esforços de minimizar os efeitos da degradação ambiental e diminuir a poluição do ar, considerado um dos grandes problemas ambientais da Polônia.
Fonte:Poder 360 com informações da Agência Brasil)
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