sábado, 14 de março de 2020

Eleições 2020: Ex- ministro da Cultura diz que pré-candidatura de Major PM Denice em Salvador é um "conto de fadas"


Foto: Agência Brasil
foto:reprodução/Ag. Brasil
Ex-ministro da Cultura dos governos de Lula e Dilma, Juca Ferreira divulgou, nesta sexta-feira (13), uma carta aberta ao Partido dos Trabalhadores. No texto, que inicia falando em “corrigir erros”, afirma que a possível candidatura da major Denice, ex-comandante da Ronda Maria da Penha da Polícia Militar, é um “conto de fadas produzido pelo marketing que tenta construir uma policial boa, que, como uma mãe, vai cuidar de todos nós”.
O político, que se refere ao PT como “o maior partido brasileiro”, diz ainda que a sigla é a que tem o índice de maior apoio entre os brasileiros. “Por isso é tão atacado, caluniado e combatido pela direita e pela elite”, afirma, em trecho que antecede o momento onde afirma que, pela primeira vez, o partido pode vencer a disputa pelo Thomé de Souza.
Segundo Juca, contudo, é preciso “escolher um nome com lastro, preparado, capaz de discutir os problemas da cidade. Um nome com visão global da política, que possa apresentar propostas concretas para a cidade e para seu povo sofrido. Precisamos de uma plataforma clara, factível, que contemple todos os cidadãos e cidadãs”.
Ele também comenta a possibilidade da vitória adversária. “O que não podemos é subestimar esse carlismo renovado, liderado pelo Neto de ACM. Também precisamos lembrar que Salvador será muito importante para o Brasil em 2022”.
Veja íntegra da cartaCarta aberta ao PT
Juca Ferreira
O PT precisa acordar enquanto é tempo. Não podemos desperdiçar a chance de vencer as eleições municipais pela primeira vez. Essa vitória não cairá do céu, nem o caminho será construído pelo marketing. O marketing não substitui a política.
Com esse texto, estou chamando o partido à razão. Vamos corrigir o rumo enquanto é tempo! Vamos nos preparar para a luta política mais importante que já tivemos em Salvador!
O PT é o maior partido brasileiro e o que tem o maior índice de apoio na sociedade. Por isso, é o principal partido do Brasil. E, no plano nacional, é o maior partido de oposição que foi alijado recentemente do poder pelo impeachment golpista da presidenta Dilma.
Na Bahia, é o partido de um governador bem avaliado, inclusive pelos soteropolitanos.
Por isso o PT é tão atacado, caluniado e combatido pela direita e pela elite brasileira.
Essa eleição municipal será a mais politizada de todas. Mesmo considerando que Salvador e os problemas que a população da cidade vive serão o tema principal da próxima disputa eleitoral, todo o embate estará determinado pela questão nacional.
O pacto político que possibilitou o fim da ditadura militar, que nos proporcionou alguns anos de vida democrática, foi rompido com o impeachment da presidenta eleita.
A consequência deste ato insano levou o país à deriva, com um governo de extrema direita, que só tem agravado os problemas econômicos e sociais do Brasil.
Estão destruindo o Estado nacional, atacando a soberania do país, os direitos dos trabalhadores, dos aposentados, de todo o povo brasileiro. Atacam diariamente, de várias formas, a arte e a cultura. Há no momento um processo sistemático de desmoralização de toda a ordem democrática.
Temos uma responsabilidade enorme, da qual não podemos nos furtar. Cabe a nós propor, defender e representar o projeto de retomada do desenvolvimento do Brasil, com justiça, igualdade de direitos sociais e humanos, sustentabilidade e plena democracia. É de mais democracia que precisamos, como bem diz o presidente Lula.
Precisamos apresentar ao país propostas de superação da grave crise econômica e política, agravada pela sistemática ação destrutiva do governo federal. Uma crise que está gerando mais desemprego, que vem precarizando as condições de trabalho e impossibilitando a recuperação da economia. Temos que trazer esse tema para o primeiro plano e fazer com que esse debate esteja na ordem do dia.
O governo neoliberal e autoritário, antipopular e contra a democracia, está inviabilizando o Brasil assim como destruíram a economia Argentina.
Nessas circunstâncias, o PT é, forçosamente, a principal referência que pode unir a população em torno de uma disputa real, sem subestimar os demais partidos da base do governo, nem abandonar a ideia de uma frente democrática e popular.
Devemos pensar que essa batalha, como está posta, terá dois momentos políticos articulados entre si: a eleição municipal de 2020 e a eleição majoritária de 2022.
O partido deve se preparar para o embate deste ano sabendo que o enfrentamento de outubro próximo será decisivo para o embate maior, em 2022, que definirá o destino do país.
O candidato escolhido tem que ser o mais preparado para nos representar nesta eleição municipal. O desafio é politizar o processo eleitoral, mobilizar a base e a militância do partido para despertar a cidadania, ativar os movimentos sociais e estimular eleitores em geral a se posicionar sobre a gravidade do momento. Temos que propor políticas para Salvador e, ao mesmo tempo, defender um projeto democrático para o Brasil.
Bolsonaro foi e é um fracasso político em Salvador e a direita terá, no que resta do carlismo, sua base de sustentação. Possivelmente a direita soteropolitana virá para as eleições com uma fantasia de centro para esconder suas ligações com o capitão.
Precisamos ter capacidade de mostrar aos eleitores que, assim como atualmente a cidade é governada para ricos e os empresários, o governo federal governa sacrificando os pobres, os trabalhadores, os negros, as mulheres, a juventude.
O agravamento da crise econômica fará os eleitores refletir sobre isso. Que outro partido pode se apresentar como alternativa a esse neoliberalismo destrutivo?
Não tenho dúvida de que podemos, pela primeira vez, eleger o prefeito de Salvador. O que não podemos é subestimar esse carlismo renovado, liderado pelo Neto de ACM. Também precisamos lembrar que Salvador será muito importante para o Brasil em 2022.
A direita brasileira está de olho em Salvador. Vê na cidade a porta de entrada para conquistar o Nordeste. Tentaram enfraquecer o governo do Ceará com aquele motim político da Polícia Militar e se deram mal. A resposta do governador Camilo, petista também muito bem avaliado, foi firme e muito simbólica.
Outro desejo e meta da direita é fazer de uma vitória eleitoral em Salvador a plataforma para Neto ascender nacionalmente, como vice de uma chapa qualquer daqui a dois anos. Não podemos ignorar isso. Querem também transformar Salvador na base de reorganização das forças políticas do estado, atraindo parte da atual base do governo estadual.
Aqui, a disputa vai ser pesada, politicamente densa. Temos que estar preparados para esse embate. A direita está quieta. Quer ver o PT fazer sua escolha sem debate, sem reflexão, num clima propício à alienação política. Não podemos cair nessa cilada por pura bobeira e incapacidade de antever o que virá, por dificuldade de analisar e compreender a gravidade da situação política do país.
Parte do PT está se deixando levar por um conto de fadas produzido pelo marketing que tenta construir uma policial boa, que, como uma mãe, vai cuidar de todos nós. Fabricam uma candidatura que não será suficiente para se sustentar quando a luta política for para valer.
A situação é grave, dramática. O partido se deixar levar por essa fantasia beira a irresponsabilidade política.
Salvador é uma cidade especial, carregada de significados para todo o Brasil. Se vencermos e politizarmos a eleição ao ponto de impedir que a cidade seja usada pela direita, Salvador será uma ponta de lança da luta democrática que travaremos em 2022.
Temos que escolher o nome com lastro, preparado, capaz de discutir os problemas da cidade. Um nome com visão global da política, que possa apresentar propostas concretas para a cidade e para seu povo sofrido. Precisamos de uma plataforma clara, factível, que contemple todos os cidadãos e cidadãs. Sem medo, faremos o enfrentamento que nos levará à vitória. Temos que ter um candidato não apenas para vencer as eleições, mas para governar a cidade com competência, ética e consciência política.
As pesquisas quantitativas e qualitativas devem ser encaradas como um instrumento para aprofundar as políticas e para fundamentar as opções e inflexões da práxis em geral.
As pesquisas não são capazes, por si só, de definir o caminho político a seguir e menos ainda, não podemos substitui a política pelo marketing.
Na política, a fantasia tem limites. Temos que manter o pé na realidade. A nossa despolitização será fatal.
Vamos à luta! Vamos vencer! Precisaremos estar à altura dessa cidade e desse povo!
Viva o povo soteropolitano!
Viva Salvador!
Viva o PT!
fonte: Site Bahia.Ba

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