terça-feira, 17 de agosto de 2021

Política: Coronel que participou de live de Bolsonaro sobre urnas muda de cargo no Planalto

 

Coronel que participou de live de Bolsonaro sobre urnas ganha cargo no Planalto
Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta terça-feira (17) o coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva para a Secretaria Especial de Modernização do Estado (Seme). O militar apareceu ao lado do presidente na live em que fez seu maior ataque ao sistema de votos do país, com profusão de mentiras e sem apresentar provas.
 

Próximo ao ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral), o coronel está no Palácio do Planalto desde 2020. Ele era secretário especial adjunto da Secretaria Especial de Relações Institucionais, depois se tornou assessor especial no gabinete de Ramos.
 

Bolsonaro realizou no dia 29 de julho uma live para apresentar o que ele chamava de provas das suas alegações, mas trouxe apenas teorias que circulam há anos na internet e que já tinham sido desmentidas anteriormente
 

Na ocasião, o presidente apresentou o coronel da reserva na transmissão como "analista de inteligência". Gomes explicou alguns dos vídeos apresentados —que circulam na internet desde 2018— e afirmou que as urnas eletrônicas precisam de "melhorias".
 

A apresentação buscou transmitir a mensagem de que é possível fraudar o código-fonte das urnas para computador o voto de um candidato para outro.
 

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e matérias jornalísticas já mostraram, diversas vezes, que esse tipo de fraude não é possível e que os vídeos que circulam na internet não indicam qualquer tipo de irregularidade ou que alguma urna tenha sido corrompida.

 

Naquele dia, a corte eleitoral usou as redes sociais para desmentir em tempo real os relatos contra o sistema eleitoral feitos pelo presidente e ainda compilou uma série de links e rebateu 18 alegações apresentadas pelo mandatário durante a live.
 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news por profusão de mentiras sobre o sistema eletrônico de votação durante a live.
 

Na decisão, o ministro disse que as condutas do presidente podem configurar 11 crimes, 7 deles previstos no Código Penal, 3 na Lei de Segurança Nacional e 1 no Código Eleitoral. Entre eles, estão calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa e denunciação caluniosa.
 

Moraes argumentou que Bolsonaro fez “afirmações falsas” e criou narrativas para deslegitimar as instituições e estimular apoiadores a atacá-las não só em relação às urnas eletrônicas.
 

Dias depois, Moraes abriu uma nova frente de investigação contra o presidente. Ele acolheu notícia-crime apresentada pelo TSE para investigar Bolsonaro por ter supostamente vazado dados sigilosos da Polícia Federal sobre uma invasão hacker ao tribunal em 2018.
 

O presidente havia feito uma publicação nas redes sociais, após entrevista a um programa de rádio, ao lado do deputado Filipe Barros (PSL-PR), em que disse que comprovaria fraude nas urnas eletrônicas.
 

O voto impresso é uma das principais bandeiras do bolsonarismo hoje. O presidente tem insistido na mudança, mesmo após a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) sobre o voto impresso ter sido derrotada no plenário da Câmara dos Deputados na semana passada.
 

Eram necessários 308 votos para a PEC ser aprovada, mas só 229 deputados apoiaram a mudança. Outros 218 votaram contra.
 

Inicialmente, os governistas esperavam uma derrota maior, uma vez que houve mobilização de onze presidente de partido contra a PEC. Ciro Nogueira, presidente do PP, antes de se tornar ministro da Casa Civil assinou carta contrária à proposta.
 

Ao fim, o placar foi visto como uma vitória para o Planalto, e acabou por incentivar o presidente a se manter na discussão. O voto impresso conseguiu reaglutinar a base bolsonarista, que andava dispersa com CPI da Covid, economia patinando, etc.
 

Dois dias depois de a proposta ter sido derrotada no Congresso, o TSE anunciou pacote de medidas para ampliar a transparência da urna eletrônica.
 

O tribunal decidiu criar uma comissão externa de transparência composta por universidades, entidades da sociedade civil e diversos órgãos públicos, entre eles as Forças Armadas e a Polícia Federal.
 

No dia, o presidente do TSE disse que, embora o tema tenha ficado "para trás", é importante esclarecer as pessoas de "boa-fé" que consideram que o modelo brasileiro poderia ser mais seguro.
 

FONTE: folhapress - 17/08/2021 17H:25MIN.,

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