BRASÍLIA - O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, criticou Milton Ribeiro pelo fato de o Ministério da Educação ter distribuído exemplares da Bíblia com a foto do ministro. "É vergonhoso ver um pastor misturar o sagrado com o profano. Nós evangélicos não aceitamos mistura da igreja com o Estado. Essa atitude é totalmente reprovada, a Igreja é muito maior do que a política", afirmou o deputado ao Estadão.
O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi mais duro. Diferente do tom que começou a ser adotado por deputados evangélicos, com a sugestão de que Ribeiro deveria se afastar para focar na defesa e depois eventualmente retornar ao cargo, Malafaia criticou as fotos nas Bíblias e disse que o ministro deveria sair do MEC "para nunca mais voltar".
As fotos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também apareciam nas Bíblias. Como revelou o Estadão, o caso aconteceu no dia 3 de julho do ano passado, em um evento organizado pelo MEC em Salinópolis (PA), cidade a 220 quilômetros de Belém.
Alvo
Também integrante da bancada evangélica, o deputado Marco Feliciano (PL-SP) já havia cobrado o governo na semana passada para tirar Milton Ribeiro do cargo de ministro da Educação. "Ele é o alvo, se cai esse ministro, põe outro, acabou o problema. Enquanto ele permanecer, vão cutucar e vai sair mais coisa. Tem que ser feita alguma coisa rápido", disse ao Estadão.
O parlamentar, que é próximo de Bolsonaro desde quando os dois eram colegas de Câmara, evitou criticar o aliado e centrou as reclamações no ministro. Na semana passada, durante reunião da Frente Parlamentar Evangélica, Feliciano já havia externado que queria a saída de Ribeiro.
"Como o ministro é evangélico e tudo isso está acontecendo com evangélicos, quem está sofrendo somos nós. Na véspera da eleição o que fica na mente do povo é isso", declarou.
Milton Ribeiro é personagem central do escândalo de um gabinete paralelo de pastores no MEC. Como o Estadão revelou, um pastor pediu propina em ouro e em dinheiro para facilitar o acesso de prefeitos à pasta. O jornal revelou no dia 18 de março a existência de um gabinete paralelo de pastores que se instalou na pasta. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já pediu a abertura de um inquérito para apurar improbidade administrativa e tráfico de influência no episódio. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, na semana passada, a abertura de inquérito. Informações do Estadão.
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