
A gestora Verde, uma das mais respeitadas do mercado, reconheceu as perdas causadas pela crise da Americanas que alcançaram um dos seus fundos de investimento. A casa fundada por Luis Stuhlberger comprou debêntures da varejista em 2022 e viu o valor desses títulos de crédito privado virar pó após a Americanas pedir recuperação judicial.
Impacto para o rendimento do fundo multimercado da Verde foi pequeno, de menos de 0,2%, uma vez que as debêntures compradas representavam algo como 0,15% do patrimônio total.
“Fomos vítimas de uma fraude. Há quanto tempo que esta fraude existe, quem foram os principais responsáveis e beneficiários, é assunto que será amplamente discutido e explorado no Judiciário”, disseram os gestores, na carta mensal de fevereiro.
Assim como os outros compradores de títulos de crédito privado, a casa faz parte da lista de credores da Americanas. No total, a varejista deve R$ 47 bilhões, sendo cerca de R$ 2 bilhões referentes às debêntures emitidas em junho de 2022.
A Verde prevê um longo processo de recuperação judicial pela frente e já vê como certas as perdas para as debêntures compradas, embora a gestora diga que “vai exercer seu dever fiduciário de preservar o melhor interesse dos cotistas”.
Diretoria afastada
Na carta, a gestora de Stuhlberger critica o fato de a Americanas ter demorado 23 dias para afastar diretores que estavam no comando da empresa antes de o problema de R$ 20 bilhões no balanço vir à tona.
Na última sexta-feira (3/2), toda a diretoria foi afastada. Os únicos executivos que permaneceram nos cargos foram o presidente internino João Guerra e a recém-nomeada diretora financeira Camille Loyo Faria.
“Temos a maior fraude da história corporativa do Brasil, um buraco de mais de R$ 20 bilhões, e a gestão financeira da companhia (com exceção da recém-empossada CFO) continuou sendo feita pelas mesmas pessoas durante todo o período seguinte”, avalia a Verde.
A casa de investimentos não poupou críticas também aos acionistas de referência da Americanas, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Apesar da proporção que a crise tomou, o trio teria preferido ficar “silente” frente aos desafios a serem enfrentados para renegociar a dívida da Americanas e manter a empresa funcionando, diz a gestora.
Fonte: Metrópoles - 06/02/2023 às 21h:37
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