imagem:SSP/Bahia/divulgação
Procurada por tráfico de drogas e homicídio, ela é a terceira mulher a fazer parte do Baralho do Crime, desde a sua criação, em 2011. A ferramenta foi criada pela SSP para estimular a participação da população na busca e captura de bandidos procurados pela polícia. Jasiane entrou no baralho no lugar do traficante Averaldo Ferreira da Silva Filho, o Averaldinho, que segundo a SSP, saiu, porque teve a prisão revogada pela Justiça.
Dona Maria possui seis processos criminais – quatro por tráfico e associação para o tráfico, um por homicídio qualificado, ambos em Vitória da Conquista, e um por homicídio qualificado em Jequié, onde a vítima foi um agente penitenciário. Ela também tem quatro mandados de prisão por tráfico, associação para o tráfico e homicídio.
“Dentre as dezenas de homicídios ordenados por ela direta ou indiretamente, destacaram-se um duplo e um triplo que vitimaram integrantes de facção rival”, disse o delegado Cléber Rocha Andrade, coordenador da Coorpin de Vitória da Conquista.
Prisão
Ela foi presa em 2008 por tráfico, associação para o tráfico e porte de arma com o primo e companheiro Bruno de Jesus Camilo, o Pezão, fundador do Bonde do Pezão, grupo criminoso que à época ainda tinha status de quadrilha. Jasiane foi solta pela Justiça meses depois, e Bruno condenado a cumprir pena em Jequié. “Ela montou lá uma base operacional do crime. Em 2010, Bruno mandou matar um agente penitenciário em Jequié. Logo após o crime, os autores morreram em confronto com a polícia, que chegou à casa alugada e a conduziu à delegacia, junto com as mulheres dos criminosos mortos”, contou Rocha.
Bruno morreu em 2014, em Porto Seguro, durante confronto com a Polícia Civil de Vitória da Conquista. Jasiane conseguiu fugir. Uma investigação revelou que o casal tinha residências em três cidades em nome de terceiros: Vitória da Conquista, Porto Seguro e Salvador – um apartamento na Rua Sabino Silva.
Segundo a polícia, com a morte de Pezão, houve um racha entre vários grupos que eram ligados a ele e isso desencadeou uma disputa acirrada e com muitas mortes em Conquista. Foi quando Jasiane mostrou que tinha tino para assumir o lugar do companheiro e propôs uma aliança com grupos menores. “Passou a fornecer armas e drogas”, disse o delegado.
Facção
Logo depois, a então líder da quadrilha aliou-se à Paulo DG, traficante de Jequié filiado ao Bonde do Maluco (BDM) e que atualmente está preso no Complexo Penitenciário da Mata de Escura, em Salvador.
Segundo a polícia, isso rendeu ao Bonde do Pezão ainda mais força e, consequentemente, a organização típica de uma facção. Passou a ter regimento, começou a se expandir no município, montou uma estrutura organizacional com gerentes de distribuição, recolhimento de dinheiro, distribuição de drogas, de vendas, além de advogados à disposição dos interesses do grupo criminoso.
Com essa estrutura organizacional, o Bonde do Pezão passou a se chamar Bonde do Neguinho (BDN). “A facção leva esse nome porque o principal gerente e matador de Jasiane é o Neguinho, Juarez Vicente de Moraes, que também é procurado”, disse o delegado. Antes de Jasiane, Neguinho já figurava no Baralho do Crime. Ele é o Cinco de Ouros e é procurado por tráfico de drogas.
Jasiane passou a adotar o apelido de Dona Maria como uma forma de evitar que a polícia associasse as execuções a ela. Segundo a polícia, a crueldade de Dona Maria supera a do ex-companheiro. “Ela é impiedosa. O Bruno Pezão poupava mulheres e crianças. Ela não, é muito fria, ordena as execuções de quem quer que seja”, comentou o coordenador da Coorpin de Vitória da Conquista.
Facção é famosa pela ousadia
A facção Bonde do Neguinho (BDN) é conhecida também pela ousadia. No dia 12 de novembro do ano passado, Jasiane ordenou uma matança numa casa noturna no bairro Morada dos Pássaros. O motivo: o proprietário fornecia aos clientes drogas, compradas de outro distribuidor, numa região dominada pelo BDN.
“Ela determinou a morte de todos que estavam lá, cerca de 20 pessoas, mas conseguimos impedir. Tivemos a informação e enviamos cinco equipes nossas para lá, que se posicionaram estrategicamente nas imediações. Quando os bandidos chegaram, eram quatro, resistiram à prisão, trocando tiros com a polícia e acabaram mortos na porta da casa noturna. Seria uma carnificina”, contou o delegado Cléber Rocha.
A líder do BDN é mãe. O filho de 7 anos, fruto do relacionamento com Bruno Pezão, vive com parentes, segundo a polícia. A mãe de Dona Maria, Patrícia Carvalho Silva, que também responde por tráfico, foi esposa de Antonilton de Jesus Martines, o Nenzão, um dos maiores traficantes de Conquista.
fonte:Correio da Bahia c/adaptações
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