Pintura do americano Benjamin West (1738-1820) retratando a Arca da Aliança.imagem:reprodução
No filme “Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida”, o heroico arqueólogo enfrenta oficiais nazistas para que eles não vençam a 2ª Guerra Mundial usando os superpoderes do baú bíblico. Em Israel, pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e do College de France estão prestes a descobrir os verdadeiros segredos que cercam a Arca da Aliança – a caixa que, de acordo com o Velho Testamento, transportava os Dez Mandamentos. Eles vão começar a escavar o sítio de Kiriath Jearim, onde a Bíblia diz que o objeto foi guardado durante duas décadas na Idade do Ferro (2,7 mil anos atrás), antes de ser transferido para Jerusalém pelo rei Davi. “Este é o único lugar no país que ainda não foi extensamente investigado”, disse à ISTOÉ o arqueólogo Israel Finkelstein, que está à frente da expedição. “É um local enorme e dominante, que por isso deve ter possuído grande importância na antiguidade.”
Mistérios ancestrais
Os estudiosos do mundo real não esperam ser obliterados pelos poderes místicos da Arca, como o foram os vilões de Indiana Jones e diversos personagens bíblicos. No filme, ela lança raios de fogo que fazem com que a pele dos nazistas derreta e seus restos explodam. No livro sagrado, ajudou os hebreus a vencer batalhas contra os filisteus, até ser apossada por eles. Pelo atrevimento, a Bíblia afirma, os inimigos foram amaldiçoados por pragas de ratos e hemorroidas. Amedrontados, os filisteus devolveram o artefato ao povo judeu, mas a Arca ainda causaria estragos ao exterminar 50 mil curiosos somente pelo pecado de vê-la. A população resolveu enviá-la, então, para o local sagrado de Kiriath Jearim – este que será escavado pelos pesquisadores.
Durante os três anos de buscas, que podem se estender para cinco caso as descobertas sejam significativas, os arqueólogos pretendem encontrar um possível templo que tenha guardado a Arca na Idade do Ferro (séculos 8 e 7 a.C.). Hoje, o sítio é um monastério de freiras e já foi lar de uma igreja bizantina, o que a equipe acredita evidenciar a santidade do lugar para religiosos desde épocas remotas. Os achados também ajudarão a revelar o cotidiano das pessoas que viveram ali e sua situação econômica. Os estudiosos já sabem que, provavelmente, as ruínas não serão de uma cidade grande, e sim de um povoado construído ao redor do local sagrado. Também querem elucidar um velho conflito: Kiriath Jearim também é chamada na Bíblia de Kiriath Baal. Este é o nome de um deus pagão, mas também um termo genérico para se referir a qualquer deidade, inclusive a judaica. O mistério é descobrir se de fato existiu um templo do povo inimigo ali, ou se a polêmica vem do período em que sacerdotes de Jerusalém desmoralizavam outros santuários para estabelecer a centralidade da capital como lugar de culto.
As histórias fantásticas da Arca da Aliança são fictícias. No entanto, pode ser que o objeto tenha de fato existido. Ninguém sabe o que aconteceu ao baú depois da queda de Jerusalém pelos babilônios, nem se continua perdido em alguma ruína. “Hoje vemos filmes sobre a Arca, mas não há evidência arqueológica de sua existência”, afirma o responsável pelos estudos bíblicos da escavação, Thomas Römer. “Porém, análises comparativas da Bíblia com escrituras islâmicas sugerem que existiu uma verdadeira Arca da Aliança simbolizando o deus hebraico durante suas guerras.”
A nova caverna do Mar Morto
Uma das descobertas mais importantes da arqueologia acaba de ser atualizada, após pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém anunciarem que acharam uma nova caverna dos Manuscritos do Mar Morto. A partir de 1940, uma série de pergaminhos foi encontrada em onze catacumbas de Israel. Eles eram, então, os mais antigos sobreviventes do texto bíblico, com até 2,5 mil anos. Agora, foi descoberta, vazia, a 12ª caverna que abrigou os manuscritos. Ela foi roubada décadas atrás, o que se sabe porque os saqueadores deixaram para trás partes de suas picaretas. O que eles não levaram, porém, possui imenso valor arqueológico, e inclui jarras e cordões para embalar os documentos. “Esta excitante escavação é o mais perto que chegamos de descobrir novos manuscritos em 60 anos”, disse o chefe da expedição, Oren Gutfeld.
fonte:Edição 2462 de 17/02/17/reprodução
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