Um comentário feito pelo jornalista Octavio Guedes na emissora GloboNews tem sido tirado de contexto nas redes sociais. Postagens no Facebook alegam que ele teria chamado pobres de estúpidos. Mas, na verdade, Guedes parafraseou uma citação do consultor político James Carville, que atuou na campanha do ex-presidente americano Bill Clinton, ao opinar sobre a melhora na aprovação do presidente Jair Bolsonaro. “Se eu tivesse que fazer uma manchete sobre isso, faria: é o pobre, estúpido”, disse o jornalista.
A frase original de Carville, “é a economia, estúpido”, indicava que o foco de uma campanha eleitoral deveria ser o debate econômico. O comentarista da GloboNews substitui “economia” por “pobre” para afirmar que a população mais vulnerável está no centro da explicação sobre o porquê da aprovação ao governo federal ter aumentado durante a pandemia do novo coronavírus. Guedes cita o auxílio emergencial de R$ 600 concedido a trabalhadores informais como fator determinante para a mudança na opinião da população sobre a gestão de Bolsonaro.
O restante do comentário de Guedes deixa essa posição clara: “Se a gente tinha durante muito tempo o slogan criado pelo marqueteiro do Clinton “é a economia, estúpido”, aqui no Brasil, um País com um grande número de vulneráveis, “é a pobreza, estúpido”, “é o pobre, estúpido”, é isso que fez mudar o pêndulo”. Veja a fala completa aqui.
Em outras palavras, o “estúpido” da frase dita por Guedes se refere ao interlocutor (quem ouve a fala), e não aos pobres. O jornalista dá a entender que é óbvia a explicação sobre o aumento de popularidade de Bolsonaro.
Pesquisa Datafolha divulgada em 14 de agosto indicou que 37% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom — a melhor avaliação desde o início do mandato. A tendência de retomada da popularidade foi confirmada em levantamento XP/Ipespe divulgado na segunda-feira, 17. Integrantes do alto escalão do Executivo ouvidos pelo Estadão avaliam que o crescimento da aprovação se deve também a uma mudança de tom por parte do presidente.
Agência Lupa, Boatos.Org e Fato ou Fake também publicaram checagens sobre o assunto.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
fonte:Estadão - 19/08/2020 15h:05min.
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